segunda-feira, 24 de novembro de 2008

COB divulga indicados do Brasil Olímpico

Saiu a lista de indicados do Prêmio Brasil Olímpico 2008. Como já é tradicional, o Comitê Olímpico Brasileiro premiará os melhores do ano. No masculino, concorrem Cesar Cielo, Robert Scheidt e Diego Hypolito. No feminino, as indicadas são Maurren Maggi, Ketelyn Quadros e Natália Falavigna.
A instituição tem um critério para a escolha dos indicados que envolve as confederações e entrevistas com atletas e dirigentes. Mas, como o parâmetro deste ano é a Olimpíada, são as conquistas que devem dar o tom.
Sem querer desmerecer Natália e Ketelyn, é de uma injustiça atroz a ausência de uma representante do vôlei feminino na indicação, visto que foram campeãs. Da mesma forma, se Scheidt está presente, por que Diego Hypolito - que falhou em Pequim - e não Giba? Ou André Nascimento? Ou Sergio? Ou Marcio e Fábio Luiz, da praia? Todos eles foram prata. À frente do ginasta, ainda figurariam os medalhistas de bronze Tiago Camilo e Leandro Guilheiro.
Tudo está à feição para consagrar Maurren e Cesar. Mas as indicações dão a medida de que ainda falta meritocracia neste país.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Pérola Negra faz o samba paulista mais vivo do que nunca

Ainda que somente pelas ondas virtuais, tenho acompanhado com atenção os sambas-enredo que serão levados à avenida no grupo especial do carnaval paulistano. E aos poucos, vou trazendo as emoções sentidas durante os ensaios.

Uma coisa, porém, eu já posso adiantar. Tenho a impressão de que as composições deram um salto de qualidade dos anos 90 pra cá. Há uma quantidade cada vez maior de sambas muito inspirados tanto na letra quanto na melodia. Conseguir um resultado assim não é possível se o enredo não for igualmente marcante.

Bom, como o sacerdócio me deixou bem mais longe das avenidas, não tenho acompanhado com tanto afinco. Portanto, essa pode ser uma impressão errada.

Um conjunto enredo-samba que me causou especial emoção foi o da Pérola Negra. Em linhas gerais, a sinopse trata de uma aventura pela Índia em busca de uma jóia sagrada, "o símbolo mais puro do amor." Mas ao chegar ao Taj-Mahal, a tal preciosidade não estava lá.

Eis que o aventureiro volta ao jardim para perguntar o porquê de tudo. A voz divina que o conduziu então ensina a lição máxima: a jóia estava - Pérola Negra - estava consigo o tempo todo.

Trata-se de um enredo, se não inovador, no mínimo incomum. A Vai-Vai, em 98, fez algo semelhante. Em sonho, o sambista Criolé viajou pela história do Japão e com o Cassatu Maru atravessou o planeta em busca da terra prometida. Acordou em pleno desfile da Saracura.

Ocorre que o samba alvinegro nem de longe tem a mesma qualidade. A composição de Mydras, Carlinhos, Bola, Ladislau e Michel segue uma linha melódica própria da escola, mas é poético e ao mesmo tempo valente - nada mais óbvio para um enredo que evoca uma aventura. Ao cantar, o componente se sente o protagonista desta saga. E é essa a idéia central!

Se o desfile seguir a mesma toada, a escola pode colher belíssimos frutos.


quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Honestidade: virtude ou lição de casa?

Depois de muito tempo, eis que finalmente consegui dar uma repaginada no guarda-roupa no último sábado. Às vésperas do dia da criança, o pequeno aqui achava que enfim merecia presentes. Mas o que realmente me chamou a atenção foi o "prêmio" que recebi ao final do dia.

Quando cheguei em casa, Carla, minha cunhada, achou bonita uma camisa cor-de-rosa. Só que eu não a havia comprado. Num movimento pra lá de básico da minha personalidade, fui à loja devolver.

Como eu havia levado a sacola por engano de outra unidade, o processo de conferência levou algum tempo, mas se confirmou. Os funcionários ficaram muito agradecidos pela minha integridade. Pude notar nos seus olhos até uma dose de emoção. A gerente até pegou o meu telefone para que o responsável pela outra loja me ligasse para agradecer.

Sem dar chance à hipocrisia, senti-me contente com a demonstração. Mas a consciência falou mais alto: não fiz mais do que a lição de casa inerente a um ser minimamente humano. Ao mesmo tempo, não dá pra deixar passar até uma dose de tristeza. Muitos espertos, para quem ser íntegro é coisa de gente boba, ficariam com a camisa e, numa cadeia de eventos, provocar até mesmo uma demissão.

De qualquer forma, fui o beija-flor que carregava uma gota d'água para apagar o incêndio. Não conseguiria acabar com o fogo, mas fiz a minha parte.

Voltando de novo

Querido Confraria!

Sei que te negligenciei por muito tempo. Mas prometo que vou fazer o máximo para que a sua chama não se apague.

terça-feira, 22 de julho de 2008

Ao vivo na Rede TV

Cá estou para acabar com o marasmo dessas linhas. Por preguiça do autor, o blog ficou desatualizado. Isso não vai mais se repetir.


Na verdade, eu ia deixar a homenagem de primeiro de julho por mais tempo no ar de propósito, mas acabei me demorando demais.

Algumas coisas aconteceram depois de tanta celeuma. Estou novamente empregado depois de cinco meses de penúria.

Mas eu queria me ater a algo inusual que aconteceu comigo ontem. Como quase sempre faço, faço um longo percurso a pé. Como dessa vez eu não ia pra casa, mas para a Irmandade, caminhei até ponto da Teodoro Sampaio próximo ao Hospital das Clínicas.

Na Doutor Arnaldo, uma equipe da Rede TV, composta de repórter e técnicos, quis que eu desse uma entrevista para um programa ao vivo. Ele perguntaria se eu tinha confiança na polícia.

Enquanto o link não entrava no ar, falei ao repórter, Marcelo (senti-me nanico perto dele. E olha que tenho 1,87 de altura, hein?), que também era jornalista. Falei que fiquei um tempo desempregado, mas estava prestando serviços para a Band.

Quando ele entrou no ar, eu disse que confiava desconfiando dos policiais de São Paulo. Reconheço as melhorias nos indicadores, mas eles precisam avançar muito no respeito aos direitos humanos. Contei de experiências nada alentadoras que tive com policiais que abusaram da autoridade. Da última vez, julgaram-me pela roupa que estava vestido quando andava na rua de casa. E tive de enfrentar uma situação constrangedora. Um deles alegou que "não está escrito na testa" quem é do bem, quem não é.

Aí, o apresentador, Rodolfo Gamberini, pediu para que ele me perguntasse se eu fui vítima de racismo. Respondi que não podia afirmar com absoluta certeza, mas o Brasil vive um preconceito camuflado que não permite um desarmamento de mente.

Marcelo conversou também com outras pessoas... e as entrevistas foram ouvidas por um coronel da PM

Deixei a fachada da Faculdade de Medicina da USP feliz pela oportunidade de desabafar.

terça-feira, 1 de julho de 2008

A menina ganhou bronze

A tarde começava a raiar naquele dia da pátria. Uma competição importante estava acontecendo na Alemanha. Havia algo de estranhamente belo no ar. Alguém sublime escreveria com a alma uma linda página da história do esporte brasileiro. Mas, ai de mim, só pude presenciar o evento pela metade, pois um compromisso me chamava. E a mente teimava em querer desgarrar-se para cruzar o Atlântico. Ficou no mar, a ver navios. Só me restou saber o desfecho na sábia voz do meu pai:

“A menina ganhou bronze.”

Era Jade. Mais que jóia, a lira encarnada. Mais que inspiração, a poesia em pessoa. Que ofereceu à nação recém liberta uma de suas páginas mais grandiosas.

Antes disso, tal divindade tomou várias formas. Quando apresentada aos seus, era Fellini. Encenou, a quase um só tempo, o drama e a redenção. E, por um instante, poetizei. O choro incontido e o riso acanhado nos faz juntos por ela encantados. Mas quando no velho mundo, vestiu-se de Homero, posto que conquistou. Mas dourou-se de uma pitada de Machado, posto que não venceu.

Para surpresa – e até um pouco de decepção - dos súditos, nem derramou as lágrimas de sempre. Seu espírito transcendeu de tal forma que tomou da emoção as rédeas do seu ser. Mas, ao chegar à terra adorada, o equilíbrio de outrora se restabeleceu. Então, como se presenteasse, não conteve um pranto feliz. Que me acertou em cheio. Essa garotinha tem mesmo vocação para tocar corações.

Tanta arte só tinha de ter a sua apoteose num Teatro Municipal. O Brasil olímpico se curvava àquela princesinha, que exalava ternura até no jeito meio desengonçado de caminhar sobre o salto alto. A pequena duelou com gigantes. E venceu. Lutou contra as emoções. E perdeu. “Ai! Eu queria não chorar, mas...”

Será uma demonstração de fragilidade? Longe disso! Em si também repousam Elis e Leila Diniz! Transgressora, porque não dança um baile de máscaras, de tão verdadeira. Inovadora, porque consegue combinar autenticidade com doçura.

Mas, afinal, por que tanto ela chora? Porque sua alma é tão gigantesca que não cabe no seu metro e cinqüenta e dois. Por isso, é necessário que se expresse. E transborde.

Hoje, essa heroína vive o ano dezessete de sua existência. Em tão pouco tempo, teve muito a ensinar. Este humilde arauto, que viveu quinze anos a mais, não tem um décimo de sua força e coragem. E por isso a admira tanto. Portanto, não diz parabéns. Diz obrigado!

sábado, 17 de maio de 2008

Tênis de primeira

Hoje eu vou falar de tênis

O Masters Series de Hamburgo é mesmo pródigo em grandes jogos. Como não se lembrar da antológica final entre o nosso Guga e Marat Safin em 2000?

A história se repetiu, em doses menos cavalares, neste sábado. O duelo entre o espanhol Rafael Nadal e Novak Djokovic, da Sérvia, foi um jogaço.

No primeiro set, o número 3 do mundo, mais afeito a quadras rápidas, parecia que ia dar um baile no rei do saibro em seus domínios: 3 a 0 nos 3 primeiros games. Só que o espanhol é um mestre no domínio mental do jogo. Devolveu a quebra com juros, fez 7 a 5 e saiu na frente.

Parecia que Nadal voaria no segundo. Tinha dois break points no quinto game (2 a 2). Mas o sérvio se safou da derrota, virou o jogo e empatou a partida.

No terceiro, o vice-líder do ranking mundial tomou as rédeas do jogo pra não mais largar. E Djokovic sofreu uma pane psicológica que lhe foi fatal. Rafael venceu por 6/2 e se manteve como número 2.

Mas pega Federer, o todo-poderoso, amanhã.

terça-feira, 15 de abril de 2008

Arbitragem: enfim o diálogo

Eu e meu amigo Filipe Morais comparecemos ontem a um debate sobre arbitragem. O encontro foi promovido pela Universidade Cruzeiro do Sul - e realizado em seu campus Anália Franco, na zona leste - e pelo jornal Diário de São Paulo.

A caminhada até lá foi uma aventura regada ao implacável rush paulistano. Preferimos embarcar na estação Barra Funda pra não ter de se amassar feito sardinhas na Sé. O problema é que o tal terminal passou a se chamar Palmeiras. Corintianos que somos, tivemos de tapar o nariz.

Só a entrada no quarto trem do metrô já evidenciava a avalanche humana. "Morar em São Paulo é uma aventura." ele disse. O aperto foi tão grande que nós perdemos a Estação Tatuapé. Tivemos de saltar na Carrão e voltar. Já eram seis e meia - o debate estava marcado para as sete.

A van que deixava o terminal estava lotada. E foi vencendo ruas e curvas. No fim das contas, descemos nas proximidades do Shopping Anália Franco. Já eram sete e dez.

A entrada da Unicsul é monumental. Uma fachada reverenciada por vários lances de escada. O cenário fez o xará se lembrar de Rocky Balboa. Tínhamos de contornar o prédio principal e entrar num anexo. Sete e meia. Imaginei que já pudesse ter começado.

Ao chegar ao local, havia uns gatos pingados e nada dos debatedores. O velho defeito brasileiro da impontualidade nos foi favorável. O Coronel Marinho estaria preso no trânsito.

Não havia frescura. Desceram todos no meio da platéia. Despido da capa rígida de dentro do campo, Paulo César Oliveira distribuía autógrafos. Mas, centro da polêmica do choque-rei de domingo (encoberto por meio mundo, Adriano fez o primeiro gol do São Paulo com a mão), não fugiu da raia. Formada por muitos jovens, a platéia esteve inquieta demais o tempo todo. Um dos momentos de galhofa antes do início da discussão aconteceu quando PC autografou uma camisa do Palmeiras. Rinaldo Martorelli, presidente do sindicato dos jogadores, passou despercebido. A molecada mal sabia que ele foi goleiro do Palmeiras no final dos anos 80. No Paulista de 86, ele esteve presente em dois momentos trágicos. Um para ele - sofreu 5 gols do São Paulo num único jogo. Outro para mim: o Palmeiras devolveu a moeda justamente no Corinthians.

O debate começou sem a Ana Paula, que estava a caminho. Então era ela que se atrasara? Quando a belíssima assistente chegou, mais um momento de êxtase da platéia. Muitos aplausos e algum gracejo.

Emerson Leão tratou de desfazer uma imagem muito ruim. O treinador do Santos não é nada convencional. Prima pela contundência e por pontos de vista vigorosos. Mas não foi o mala que tantos apregoam.

Como o evento chamava-se "Em busca do diálogo", os palestrantes evidenciavam a dificuldade de travar uma comunicação dos mediadores dos jogos com a sociedade futebolística. Ana Paula diz que antes era recomendado que eles evitassem falassem com a imprensa. "Mas acho que a gente tem de falar, sim." Martorelli ressaltou que, no seu tempo de jogador, a comunicação com os árbitros era muito mais difícil. "Hoje, você não tem mais um Dulcídio (Wanderley Boschilla, ex-árbitro falecido em 98). Esse xingava jogador. Já o vi chamar os meus companheiros negros de macacos." Leão concorda: "Naquele tempo, muitos árbitros apitavam com ódio."

O treinador santista listou como um dos males da arbitragem o ciúme dos regra-três: "Já fiquei ao lado de vários. Eram simpáticos. Diziam: 'você tem razão. Foi pênalti, mesmo' Aí, eu digo a eles. 'se você estivesse apitando marcaria, né?'"

Outro tema discutido foi o uso da tecnologia para ajudar na resolução de lances. Segundo o Coronel Marinho, haverá um novo ponto eletrônico que filtra os ruídos externos. Ana Paula atentou para a dificuldade de se comunicar com os companheiros quando a partida está em curso. Mas o uso de imagens de telão durante os jogos ganhou um consenso negativo. Para eles, isso tira a autoridade e o charme do jogo. Martorelli fez ressalvas: "Discordo do João Havelange, que diz que o erro é 'necessário'".

Houve dois momentos de clímax. O primeiro, quando se debateu as mulheres árbitras. "Antes eu era totalmente contra, porque, no começo, a coisa aconteceu de maneira imposta. E as mulheres que entraram em campo na época não tinham preparo nem físico, nem técnico." disse Leão. "Muitas ainda não sabem direito o que querem da vida." O treinador santista, no entanto, admitiu: "As mulheres erram muito menos do que os homens." Ana Paula respondeu à altura: "Eu sei muito bem o que quero. O meu sonho é chegar a uma Copa do Mundo. Mas, infelizmente, eu obedeço a um sistema, que foi feito por homens."

O segundo aconteceu quando a assistente questionou a prioridade que a imprensa dá aos erros da arbitragem. Segundo ela, os jornais não salientam as dificuldades que os árbitros têm de definir um lance em segundos, enquanto jornalistas e treinadores são beneficiados por vários recursos eletrônicos. Nelson Nunes, colunista do Diário, respondeu. "Nós dissemos que o São Paulo ganhou com um gol de mão do Adriano. Me desculpe, mas ele realmente pôs a mão na bola."

O debate terminou com uma pergunta minha. No início da conversa, o PC disse que acabou a fase de o cara ficar em berço esplêndido durante a semana toda e ir para o jogo no domingo. Hoje existe toda uma preparação física e mental. Eu perguntei o que era essa preparação psicológica. As principais preocupações, segundo ele, são a alimentação e o sono. "Preciso daquelas 8 horas diárias. Se eu durmo sete horas e quarenta e cinco minutos, já acordo de mau humor." Ele também não abre mão de um preparo espiritual: "Sou católico, e oro muito." Ana Paula vai além: elimina baladas e assiste aos jogos para acompanhar a movimentação dos jogadores. "Se um zagueiro é mais lento ou mais rápido, se o Muricy joga com dois ou três defensores, isso influi muito no meu trabalho. Então, preciso dessa referência."

Ao final, fui agraciado com um cartão amarelo autografado pelo PC. Ele realmente é um cara que passa uma energia muito boa.

Mas a Ana Paula é um capítulo à parte. Muito menos pela beleza do que pela inteligência. A resposta dada à minha pergunta mostra o quanto ela é diferenciada. Alguns anos atrás, no Terceiro Tempo da Record, a assistente disse que, para não errar o impedimento, não tirava os olhos do lance e atentava para o momento do passe pelo barulho do chute. Como não sou nada bobo, fui lá cumprimentá-la. Muito simpática, me disse: "Parabéns. Bela camisa." Eu estava com a da seleção Portuguesa.

Toda a aventura valeu a pena.

domingo, 13 de abril de 2008

Brasil escolhe mal a sua miss 2008

Depois de muitos anos, voltei a assistir ao concurso de Miss Brasil.

Como paulista de coração, torci muito pela representante do meu estado - mineira de nascimento, ela evidenciou a univerrsalidade paulista, apresentou carisma e uma expressão marcante.
Há de se destacar o incrível sorriso da miss Goiás - pra mim, a mais linda, junto com a paulista e a mineira.
Mas os jurados fizeram o favor de escolher uma das misses mais feias que eu já vi na vida: a representante do Rio Grande do Sul não faz jus à incrível beleza das mulheres gaúchas. Falou mais alto a tradição do estado em eleger misses.
As minhas favoritas ocuparam terceiro, quarto e quinto lugares.
O bonito da cerimônia foi ter apresentado uma miss surda - o que evidencia aversão a qualquer tipo de discriminação. A cearense, que ficou com a medalha de prata.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Seguindo em frente

Era uma quarta-feira quando cheguei ao Canal de São Paulo para uma entrevista. Havia agitação para a gravação de imagens para um comercial. Nele, a modelo tinha de simular uma queda e passar um produto na perna. Entre uma tomada e outra, ela sem querer quebrou a minha tensão. Disse a ela que concorreria a uma vaga a apresentador de um programa de TV. Sorriu e desejou-me boa sorte.

Só mais tarde descobri que se tratava de uma modelo temporã. A Daiane era jornalista do canal, e seria - se eu vencesse a concorrência - a minha colega de vídeo. O tal programa acabou não vingando, e eu passei a trabalhar no Canal como produtor.

Daiane é um ser iluminado. Linda na forma, mas melhor ainda na alma. Carinhosa, irreverente e dotada de uma incrível alegria de viver. E eu tive a honra de ser agraciado com um lugarzinho em seu coração.

Mas este é um momento em que toda essa ternura teve de pedir licença. Dai está vivendo o momento mais difícil de sua vida. Às vezes esquecemos de que o percalço é parte indelével da formação de um ser humano e desejamos tomar para nós o sofrimento de pessoas tão queridas. Infelizmente, o máximo que posso fazer é compartilhar um pouco de sua tristeza. E rezar para que ela tenha a fortaleza necessária para seguir em frente.

segunda-feira, 31 de março de 2008

ATENÇÃO, SENHORES VISITANTES!

Regra do blog:

NÃO SÃO PERMITIDOS COMENTÁRIOS ANÔNIMOS

Fiquem à vontade para discutir, concordar e discordar... mas A IDENTIFICAÇÃO É OBRIGATÓRIA!

Comentários de gente SEM NOME serão ignorados sumariamente.

quarta-feira, 12 de março de 2008

Transcendência


Aquela semana amanheceu diferente. Em vez de acordar ao som da tevê, programada para ligar automaticamente às sete, era o telefone que tocava. Às seis e meia. Demonizei até a décima geração do infeliz que me privaria de meia hora de sono.

Atendi com proposital voz enrolada. Quem sabe o cidadão se tocasse. Era a Fernanda. Tadinha! Era um doce de pessoa. Ligou para me fazer um convite: ir à Sala São Paulo para um concerto da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo.

Me dissera que os ingressos eram um acalanto em tempos de realidade tão sombria. Recentemente, trabalhara das seis até sabe-deus na esperança de alcançar a gerência, vaga desde que Amélia aceitou mudar-se para Londres. Mas Barros, o chefe, não cumpriu a promessa de prestigiar os pratas da casa. Trouxe um fedelho mal saído da faculdade.

Os pais, então, eram de uma bipolaridade insuportável. De dia, Romeu e Julieta. À noite, goiabada e queijo não se misturavam. Não contentes, faziam pressão para que logo se casasse. Ah, as coisas do coração! Minha amiga não abria nada sobre isso. Tenho lá as minhas especulações sobre o porquê te tanto mistério, mas prefiro não dizer, para respeitar a sua privacidade. O que posso falar com absoluta certeza é que não se sentia livre. Ela mesma me disse isso. E não se alongou no assunto.

A última vez que estive num concerto da Osesp, lamentei descer do mundo a que aquelas sinfonias me levaram. Lembro-me de que estava no mezanino, um pouco acima dos músicos. Um trompetista, negro, fazia os últimos ajustes no instrumento. O mesmo faziam violistas e violoncelistas. Mas tinham um ritual a seguir. Todos aqueles arquitetos de sons entrariam juntos. Precediam o spalla. Se banda de rock fosse - sacrilégio? - é como se fizesse o papel do guitarrista de solo. E então vinha o maestro. Carlos Gomes e o Guarani do amor transcendente eram os artífices de um passeio pelo mundo das idéias. Tchaikovski lá nos mantinha e Beethoven soava como um lindo réquiem a nos transportar de volta ao mundo sensível.

Definitivamente, Fernanda precisava daquela viagem. Andava ensimesmada demais e irritadiça ao extremo. Disse um dia se sentir escrava. Não entendi, mas ela, pra variar, não quis explicar! Pensou até em morte. Amigos nossos faziam cara feia e se afastavam. Eu apenas compreendia, não por pena - porque ela não merecia tão mesquinho sentimento. Mas por amor, visto que ela via a vida atravessar-lhe a alma e não sabia como se livrar de um labirinto cada vez mais sufocante. Parecia sentir-se um pouco mais aliviada em minha presença.

Encontramo-nos nas Clínicas. Como pouco se passava das sete, o rush de São Paulo ainda dava fortes suspiros de tormento. Fila para comprar passagens, para carregar o bilhete único, para passar a catraca. E, na escada rolante de acesso à plataforma, não havia ar que aliviasse o calor. Eu, no meu exagero, preferi caprichar no terno preto e camisa branca. Por instantes, me senti derreter. A Fê me olhava e disfarçava a tristeza com um sorriso.

- Que foi?

- Nada de mais. Só espero ter a chance de despir a realidade. Nem que seja por um instante.

Chegamos ao Paraíso em instantes. Éramos apenas gotas de pessoas num rio que desaguava para cima. E não se importava com as pedras no caminho. E o mar que morreria na Sé, àquela hora, já estava em maré baixa.

A Luz do presente se conectava com o passado. A antiga estação teria sido praticamente trazida em caixas por ingleses. Erguida no século XIX, ela servia como ponto de chegada e partida do café para o porto de Santos. Outros produtos de menor importância também aportavam por lá. Fora devastada pelo fogo nos anos 40 e, assim, também se viu vitimada pela decadência do transporte ferroviário. Só se revitalizou anos depois, para se tornar entreposto de um conjunto cultural.

Atravessamos a linda estação olhando, lá embaixo, uns poucos gatos pingados esperando o trem chegar. Barra Funda, Rio Grande da Serra... Do outro lado da ponte, uma estranha neblina transformava tudo em uma longínqua noite vinda das minhas lembranças. Embarcaria no Trem de Prata com minha mãe e uns amigos rumo à Central do Brasil, no Rio. De lá, partiria para a região serrana. Do lado de fora, meu irmão, ainda pequeno, se despedia eufórico - não poderia ir. Na época, nem liguei. Mas hoje, me aperta o coração ter partido para aquela viagem sem ele. Enquanto o trem deixava a estação, ele e meu pai começavam a voltar pra casa.

- Alô! Tem alguém aí?

A Fê estalara os dedos pra me tirar do túnel do tempo. Eu odiava aquilo, mas dessa vez, reconheço, ela fez bem. Apesar de bela, aquela região inspirava atenção redobrada. A passos largos, chegamos à Estação que dá nome ao homem que seria presidente do Brasil não fosse a revolução de 30: Julio Prestes. O prédio à Luis XVI impunha-se imponente sobre o Largo General Osório. Lá dentro, a preservação de ares seculares contrasta com a habitual voracidade paulistana pelo novo.

A Fê parecia mais lívida. Disse que conseguira deixar a tenebrosa roupagem real do lado de fora, e só queria viver intensamente aquele momento de fantasia.

Como estava cedo, aproveitamos para conhecer melhor aquele lindo lugar. À direita da entrada, uma pequena loja vendia livros, CDs e doces finos. Me ative por instantes a um guia sobre a história da música erudita. À esquerda, o restaurante irradiava estilo, mas cobrava caro. O chão do corredor ao lado do restaurante parecia nos transformar em peças de um jogo de xadrez. Ele dava para o elevador, em frente, e para a sala de concertos, à direita.

Uma trombeta zombeteira anunciava o apocalipse daquilo que ainda éramos. Parecia dizer que não seríamos os mesmos depois daquilo. Entramos e nos sentamos a alguma distância do palco. Naquele dia, não havia a tradicional separação por lugares. E o mezanino se encontrava tristemente fechado. Vazio. Pobres daqueles que perderiam aquilo.

Aquela madeira bege clara parecia brilhar discretamente. Mas é quando os músicos chegam é que aquela luz ofusca, mesmo. Entramos em irreversível estado de hipnose.

O chileno Victor Hugo Toro entrava para comandar a viagem. À Abertura, de Wagner, uma essência em tons azulados emergia a platéia qual onda devastadora. O alemão fazia a realidade ficar para trás. Uma transcendência coletiva, mas ao mesmo tempo solitária. Tamanha fora a minha compenetração que mal conseguia divisar a Fê, que estava ao meu lado. Possivelmente, experimentando as mesmas sensações.

Com Suíte Brasileira, fomos apresentados a Alexandre Levy. O jovem compositor paulistano e seu som tão verde-amarelamente erudito nos introduziu ao mundo das idéias. A quarta parte, Samba, eterizou por inteiro. Só mesmo um brasileiro para fazer o clássico vestir-se de popular e permanecer autêntico. Levy deixou-nos com Charles Gounod em Valsa, e se despediu.

Coube a Maurice Ravel o réquiem da volta pra casa. No caminho, o seu Bolero começava suave e longínquo, culminava soberano... e trazia de volta algumas lembranças. Uma cerimônia religiosa em louvor a Cosme e Damião. Algumas mulheres de minha vida dançavam para a divindade dirigente da solenidade. Mas a imagem sumiu subitamente.

No retornar ao cárcere terreno, ainda carregava a essência daquela viagem. Olhei para a Fê e senti que, de alguma forma, nos conectamos. Tive a certeza de que ela passou pelas mesmas coisas. Perguntei:

- Preparada para revestir-se novamente de realidade?

- Sim. Mas agora, essa roupa me parece muito mais leve.

domingo, 2 de março de 2008

Como dói perder pro porco

Perder a quarta seguida para o maior rival é dose pra leão. E ainda mais com o maior craque deles jogando muita bola.

Valdívia se movimentou o jogo inteiro. Caiu para os lados, deu bons passes... e fez o gol da vitória. E aí, provocou e comemorou... como se já fosse campeão paulista.

Tudo bem. É do jogo.

Do nosso lado, a ausência de alguém com qualidade de passe no meio foi gritante justamente contra um adversário à altura. Perdigão alternava bons e maus momentos - os bons no combate e os maus no passe.

Mano começou o jogo com a formação de sempre. Com o passar do tempo, deslocou Carlão para a lateral-esquerda e fez André Santos atuar na criação. Não deu certo, porque foi muito bem marcado pelos volantes palmeirenses.

Com a saída de Bruno Octávio logo no início do jogo, o time perdeu um pouco em pegada, porque Bóvio é menos marcador. Por isso, o sistema defensivo deu alguns sustos... e falhou feio no gol do chileno.

Há que se destacar a grande atuação de Julio Cesar. Fez grandes defesas e se mostrou quase tão seguro quanto Felipe.

Do lado palestrino, merece destaque o ótimo zagueiro Henrique, que aproveitou a fragilidade do ataque corintiano para tirar todas as bolas. Lulinha esteve inoperante, Diogo Rincón fora de forma e Herrera lutador, mas pouco efetivo.

Paciência. Agora, é tentar a recuperação contra o líder do campeonato.

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Vitória importante fora de casa

Acosta desencantou. Mas comemorou com a torcida e levou amarelo. Está fora do clássico


Debaixo de um dilúvio, o Corinthians conseguiu um triunfo importantíssimo. Em pleno Moisés Lucarelli, bateu a vice-líder Ponte Preta por 1 a 0.


Em princípio, esperava-se que o time jogaria de maneira mais ofensiva, com Everton Ribeiro armando as jogadas. Não foi o que aconteceu! Mano improvisou Carlos Alberto na lateral direita e colocou Fabinho de segundo volante.

A defesa corintiana foi posta a prova nos primeiros 10 minutos de jogo, pois o time de Sergio Guedes vinha com ímpeto. Principalmente com o bom Renato, que jogava pelo meio e caindo mais pela esquerda, e os laterais - Eduardo Arroz e Vicente - que subiam bastante. Mas a zaga suportou bem a carga dos donos da casa.

A Macaca atacava mais, mas as chances mais agudas vinham do Corinthians. Aos 19 do primeiro tempo, Acosta aproveita cobrança de falta de André Santos e marca. Mas o bandeira Alessandro Arantes - só ele - viu impedimento. Gol pessimamente anulado.

A Ponte ainda teve uma grande chance com Renato, que fez a bola beijar a trave.


Mano voltou para o segundo tempo sem mexer no time. Logo aos 16 minutos, Acosta desencanta. Aproveita ótima jogada de Carlos Alberto pela direita para marcar o gol da vitória. Aliviado, foi comemorar com a torcida. Levou o terceiro cartão amarelo (que estupidez punir comemoração. Mas regra é regra!). Pra piorar, Dentinho, em falta de jogo, foi advertido de forma exagerada e também está fora. Outro que também terá de cumprir suspensão é Fabinho.


A Ponte ainda oferecia perigo, mas Renato não repetia a boa atuação do primeiro tempo. Pra quebrar o ritmo e começar a observar para o clássico, Mano fez duas modificações: Lulinha deu lugar a Heverton e Everton Ribeiro entrou no lugar de Acosta.

O resultado, importante, fez o time chegar ao G4 (falar assim virou moda agora. Que engraçado!). Como já passou para a segunda fase da Copa do Brasil, tem a semana inteira para se preparar para o clássico. Com um aporte de R$ 40 milhões, o Palmeiras trouxe reforços caros, que ainda não surtiram resultado. Alterna bons e maus resultados. Portanto, não há favoritos.

Perdigão deve entrar no lugar de Fabinho e Herrera volta ao time. O grande problema é substituir Dentinho, que vem sendo o jogador mais importante do ataque corintiano. Com isso, Lulinha pode fazer a sua função e Diogo Rincón, em sua estréia, entraria mais recuado.

Vamos ver!

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Casa das Rosas recebe Nei Lopes


A Casa das Rosas foi, na última quinta-feira, palco do lançamento de uma obra fundamental para a cultura afro-brasileira: o Dicionário Literário Afro-Brasileiro, do advogado, pesquisador e músico Nei Lopes.

Nascido em Irajá, subúrbio do Rio de Janeiro, Lopes graduou-se bacharel pela Faculdade de Direito da Universidade Brasil. Mas trocou as leis pela música popular. Mais precisamente, o samba. Teve em Wilson Moreira o seu maior parceiro. E, com ele, deu impulso ao pagode de fundo de quintal.

Cheguei por volta das sete e quinze noite. No caminho da estação Brigadeiro do Metrô, encontrei uma longa fila. Por instantes, achei que era para entrar na casa, ainda um pouco distante. Mas se tratava do público de uma peça de teatro.

Em rápida preleção, Lopes conta que preferiu lançar a obra em São Paulo por encontrar aqui um movimento negro mais organizado do que no Rio. Na obra, está verbetizada uma gama de artistas não apenas afro-descendentes, mas também representantes de outras etnias que escreviam sob a ótica afrodescendente.

Lopes comentou ainda que, em conversa com a esposa, definiu que, em termos de mobilização do movimento negro, São Paulo está para o Rio assim como os Estados Unidos estão para o Brasil. "Lá há cotas em todos os segmentos. Se num filme há um policial de ascendência européia, ao lado dele há um negro."

Depois do discurso, autógrafos e rodas de amigos. Como estava sozinho, aproveitei para conhecer todas as dependências da casa. De arquitetura clássica, inspirada em modelo francês, ela foi projetada por Ramos de Azevedo e concluída em 1935, para servir de morada a sua filha Lúcia, à época casada com o engenheiro Ernesto Dias de Castro. Permaneceu residência até 1986, quando foi desapropriada e tombada pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo. O governo do Estado a reabriu 5 anos depois, como galeria de arte. Em 2004, tornou-se Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura. Ganhou o nome de Casa das Rosas porque essa era a flor que mais povoava o seu jardim.

No andar de cima funciona uma pequena biblioteca, uma sala de aula e um terraço, que dá para os Jardins, de costas para a Paulista. Nos belos jardins da casa, obras de arte feitas em letras. No térreo, duas salas. Numa, Lopes dava os seus autógrafos. Outra, do lado oposto à recepção, um pequeno espaço guardava móveis pertencentes a Haroldo de Campos. A força da grana que ergue e destrói coisas belas, como disse Caetano certa vez, não destruiu esta preciosidade. Mas ela precisa de uma reforma em sua parte superior.
Que a Casa das Rosas seja, como quer Nei Lopes, um ponto de irradiação da arte afro-brasileira.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Dentinho faz 3; Lulinha marca o gol número 1

Tá certo! O Barras do Piauí não passa de brisa. Mas os 6 a 0 do Serra Dourada valeu para o combalido Corinthians uma injeção de auto-afirmação. O resultado quebrou outra escrita maldita daquele amontoado de 2007: a última goleada alvinegra aconteceu há mais de um ano, quando aplicou 5 a 0 no Rio Claro.

Foi um dia dos filhos do Terrão - que não existe mais, mas já é eterno. Dentinho fez três! E, mais uma vez, homenageou os pais.

E o Lulinha enfim desencantou! A secura de gols para o garoto cuja multa rescisória vale US$ 50 milhões parecia brigar consigo mesmo. O filho de seu Vanderlei e dona Marli vivia esfomeado, com as pernas vacilantes com a pressão exercida sobre seus jovens ombros. E o destino cansou de ser cruel: deixou uma bola rolar mansa a caminho dos seus pés. Dessa vez ele não perdeu a chance.

Quase me esqueço: antes de marcar o seu, Lulinha serviu Dentinho no segundo gol.

A quarta-feira se mostrou tão especial que presenteou dois desacreditados. O bravo Herrera, sempre entrando bem no time, fez um drible e marcou um belo gol de fora da área. O quinto! Também de fora, o já bastante criticado Marcel - que entrou no lugar de Alessandro no segundo tempo - fechou as cortinas.

Mais uma vez, o time entrou bastante modificado. Dessa vez, também no esquema. Do habitual 3-5-2, passou para o 4-4-2. Mas uma coisa permaneceu igual: como atuou com 3 volantes, André Santos e Alessandro sempre fechavam para a meia para criar as jogadas. Carlos Alberto cobria o lado direito e Bruno Ocrtávio, o esquerdo. Os dois receberam a ajuda de Bóvio, que fez muito bem a função de segundo volante no lugar de Perdigão, machucado.

No segundo tempo, com o placar já construído, Mano colocou Marcel no lugar de Alessandro. Era a resposta às súplicas de parte da torcida, que reclamava do excesso de volantes. O ex-palmeirense ainda não se encontrou tecnicamente, mas mostrou vontade. Depois, foi a vez de Dentinho, consagrado pela torcida, dar lugar a Acosta, ainda bastante inseguro. A última alteração foi a estréia do zagueiro chileno Suárez para a saída de Carlos Alberto.

A goleada classificou o Corinthians automaticamente para a segunda fase da Copa do Brasil. Nestas etapas, o time visitante passa sem a necessidade do jogo de volta se vencer por dois ou mais gols de diferença. O adversário sai do confronto entre América de Sergipe e Fortaleza.


Foto: Terra/Agência Lance

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Bagunça

Pra me manter bem informado, leio duas revistas semanais. Isso se tornou um hábito entronizado em minha rotina.

Uma delas chega com regularidade. Com a outra, fizemos uma mudança na forma de pagamento... e, por algum erro de informação, ela parou de chegar. O atendente diz que as coisas só se normalizam depois da quitação da parcela de fevereiro.

Mas a anterior vencia no fim de janeiro...

Coisas do Brasil

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Futebolísticas

Mano Menezes foi uma grande aquisição do Corinthians.

O homem é muito inteligente.

No Mesa Redonda de ontem, ele mostrou uma incrível lucidez. Ao explicar a expulsão na partida contra o Ituano, ele deduziu que era rescaldo da partida diante do Barueri. Depois de um lance de judô praticado pelo ex-santista Avalos em Lulinha, o árbitro Marcio Prieto Alfieri deu apenas cartão amarelo. O treinador deixou a habitual calma num canto e deixou o espírito de Leão baixar. Chamou Alfiero de "vergonhoso".

Justiça seja feita: ele tava coberto de razão.

No jogo de ontem, Flávio Guerra foi conivente com os gritos de Pintado, mas na primeira birra de Mano - ele disse que o juizão se complicaria dando 4 minutos de acréscimo - mandou-o para fora. O gaúcho deduziu que aquilo era rescaldo do destempero com Alfieri. E não deixa de ser uma análise pertinente.
---

Até que enfim um clássico paulista apresentou gols. E, só pra contrariar, o San-São teve logo cinco. E os atuais bicampeões brasileiros venceram por 3 a 2.

E não foi livre de confusões.

Adriano bateu boca, foi expulso e pode pegar um gancho pesado

Fábio Santos empurrou a barreira do Santos no segundo gol

Kleber Pereira fez um, mas perdeu uns quinze... que poderiam fazer com que o resultado do jogo fosse diferente.

Rodrigo Tabata sofreu falta. revidou, reclamou... e também levou cartão vermelho.


E tudo isso ainda vai render por muuuuito tempo.


domingo, 10 de fevereiro de 2008

Fim do jejum de vitórias

Enfim o Corinthians volta a vencer depois de quatro empates consecutivos.

A vitória por 2 a 1 sobre o Ituano tenta apagar uma de tantas marcas desastrosas de 2007. Desde uma vitória temporã sobre o Botafogo no Maracanã o time não conquistava um triunfo no campo do adversário. Isso já faz 6 meses.

Para essa partida, Mano mais uma vez fez mudanças no time. Começou com Bóvio no lugar de Perdigão, e Herrera substituiu Acosta. Carlão foi mantido como terceiro zagueiro flutuante. Assim, Alessandro e André Santos se transformaram em alas. O camisa 5 às vezes trocava de posição com Carlão e se deslocava pela meia-direita.

Logo aos 3 minutos, André Santos cobrou falta na direita e abriu o placar. Com isso, o Ituano passou a sair mais para o jogo. E o Corinthians levava perigo nos contra-ataques.

Na virada para a etapa complementar, Mano fez alterações. Fabinho, ainda fora de forma, deu lugar a Perdigão, que deu um pouco mais de qualidade na bola que sai do meio e vai pro ataque. Mas o time ainda peca na hora de finalizar o lance. Lulinha, intranquilo, desperdiçou muitas chances claras de gol no afã de quebrar logo o jejum de gols. Herrera se movimentou bem... principalmente na marcação, mas ainda não se encontrou no ataque. E deu lugar a Acosta, que ainda procura pela boa fase vivida no Náutico.

Foi num lance de sorte que o Corinthians chegou ao segundo gol. Dentinho recebeu de Lulinha e chutou pro gol. A bola bateu no próprio Lulinha e sobrou para Fábio Fidélis. Só que, aí, ele chutou em cima de seu colega de time, Boiadeiro... daí, foi pra dentro do gol.

Aos 37, uma das poucas falhas da defesa corintiana resultaram no gol de honra do time da casa. Em cobrança de escanteio, Chicão tenta tirar, mas chuta em cima de Lino... e ela entrou.

Apesar de ainda não ter chegado ao ideal de atuação, a equipe conseguiu um resultado muito bom, já que o Ituano - bem armado por Pintado - não havia perdido pra ninguém em seus domínios. E olha que já jogou com Palmeiras (venceu) e São Paulo (empatou).

sábado, 9 de fevereiro de 2008

Sobre a festa do povo

Não me esqueci do carnaval

Falo sobre as escolas de samba no decorrer da próxima semana.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Túnel do tempo!

Meu pensamento voa coisa de 11 anos no tempo, para trás.

Um certo duende vê raptada por uma bruxa toda a sua família. E tem de atravessar ares, florestas e montanhas para salvá-la. Mas não pode desbravar tantos desafios sem ajuda. Inabalável, aconselha: "Não fique nervoso. É mais fácil do que parece."

Lá vai ele; floresta adentro, cheia de armadilhas. Não escapa a uma ratoeira. Mas segue adiante: "Não desanima que o jogo termina."

Vencida a selva, precisa sacar do brevê: um avião está a sua espera. Ao decolar, vê os trilhos de uma velha ferrovia sumir lá embaixo. Num instante, depara-se com um balão vermelho. Desvia a tempo. Mas Maldícia, a bruxa, queria manter inalcançável a sua fortaleza. Enfeitiçava o céu azul com negras nuvens de trovoadas. Mas o pequeno, de novo, superou a adversidade.

Havia um último obstáculo: a montanha. Sem fazer manha, mas já exausto, ele a escala. Enfrenta pedras rolantes e buracos até chegar ao cume.

A perua revira-se de raiva. E não estregar-se-á tão fácil. Ainda lhe resta uma chance. Se ele puxar a corda errada, ela vence. Só que ele conhece as artimanhas de Maldícia. Sabe o que escolher. Humilhado, o monstro é amarrado e jogado longe.
E ele reavê a mulher e os filhos.

Toda essa aventura era ventura diária nas manhãs e tardes daquilo que um dia foi uma parceria entre CNT e Gazeta. Mesmo já no alto dos meus 18 anos, eu permitia que ela entrasse na minha casa. Matheus, irreverente; Vanessa, gentil. Ele criou Matias; ela vivia às turras com um certo Agenor.

A panacéia durou até poucos meses de 96. Ele chegou até à Globo. Ela flertou com Record e SBT. Sempre em novelas.

Foi bom enquanto durou. Obrigado a vocês.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Gosto amargo de derrota

Cá estou de volta depois de ficar longe do carnaval.

Por estar em um lugar com pouca ligação exterior - e nenhuma internet - só soube por alto do zero a zero contra o Mirassol.

Mas assisti à partida diante do Barueri.

Mano improvisou Carlão no lugar de Chicão e deixou o time com três atacantes - nenhum enfiado, porque Finazzi está machucado.

Lulinha e Dentinho jogaram abertos e Acosta vinha mais de trás.

O problema é que o time ainda padece pela falta de um armador de jogadas. Perdigão esteve muito afobado e Fabinho ainda busca a melhor forma. Ponto para Alessandro, que tentava dar mais mobilidade ao meio e era incansável na busca das bolas perdidas.

Apesar da penca de volantes, William era o único zagueiro de ofício. Bruno Octávio atuou mais como primeiro volante puro, o que deixou a cozinha um pouco mais insegura do que nos jogos anteriores.

Com isso, o Barueri chegava com perigo, em boas chegadas de Alberto (aquele que era do Sante, em 2002, fez gol de bicicleta contra o Corinthians no Pacaembu) e Pedrão.

O gol de Avalos foi a prova de que a defesa não estava nos seus melhores dias. Três jogadores do Corinthians estavam na mesma jogada... e não conseguiram evitar o gol. Felipe não teve culpa.

O gol de empate começou a se desenhar pelos pés de André Santos - belíssimo jogador, mas que pode se apresentar um pouco mais. Ele passou cruzado, a bola cruzou a entrada da grande área e encontrou Dentinho, que ainda teve tempo de escolher o canto direito de Renê. Foi tão rente que ela bateu na trave antes de entrar.

O time voltou bem para o segundo tempo. Mas, como o meio não estava bem, a equipe poderia explorar mais as laterais do campo, já que André e Alessandro faziam boas partidas. Não fez isso.

Dou meu ponto para Lulinha, que ainda não jogou tudo o que pode, mas progrediu bastante em relação à partida contra o São Paulo. Fez boas jogadas pela direita e até levou perigo... só precisa finalizar melhor.

Ponto negativo do jogo foi o árbitro. O banana não expulsou Avalos por jogada violenta em Lulinha.

Ainda acho que o Mano poderia testar mais o Everton Ribeiro como meia. Pelo menos nos jogos contra os times pequenos.

... e o Herrera ontem fez jus à alcunha "quase gol". hehehehe

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Trajeto

Nuvens fechavam o céu; chuva duradoura se insinuava. O trânsito da Francisco Morato obedecia a um início de tarde tranquilo, como nem sempre acontece na metrópole. No ponto, a bucolia de uma moça que falava ao celular e de um casal adolescente que exalava paixão. No bar em frente, ébrios de sempre se arrastavam pelas paredes. E o ônibus que não chega!

Acabara de preencher ficha e se submeter a uma prova de inglês. Sempre impaciente, o ônibus não chegava de jeito nenhum. Mas, se viesse lotado, não tomaria. Preferia se abraçar ao estresse da pressa a entender é dura a vida de uma ervilha enlatada.

O Praça da Bandeira obedecia aos seus requisitos; havia até lugar pra sentar! Poderia abandonar a realidade, ainda que por instantes, para mergulhar na leitura. Mas o pensamento não parava quieto. Ora observava o desenrolar de "Iaiá Garcia", ora voava em um futuro que ainda não chegara. E talvez nem chegaria.

Uma terceira via arrancava todos os devaneios. Sempre munido do script de sempre, um ambulante andarilho vendia quinquilharias: doces, balas e afins. Apesar do eterno discurso, escapava de vitimizar-se. Agia como vendedor. Educadamente, dispensou os seus serviços.

Quando o coletivo se preparava para subir a ponte, outro transeunte chamava a atenção. Dessa vez, o voluntário de uma organização que cuidava de dependentes químicos. Distribuía canetas que continham mensagens bíblicas e um aviso que prevenia o público dos falsos vendedores. Fez um gesto de impaciência, mas acabou comprando a caneta.

Desceu na Consolação. A confluência com a Paulista, pra variar, apinhada de gente. Misturou-se ao mar de gente mergulhado em esperança.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Não foi a mesma coisa

Um jogador a menos e gramado mais pesado.


Não importam as justificativas. O Corinthians não repetiu a atuação de domingo. Errou mais passes e chegou pouco ao ataque.

Mano Menezes repetiu a escalação do jogo contra o São Paulo, com Carlão fazendo um falso terceiro zagueiro pela direita. André Santos e Alessandro deveriam dar mais qualidade ao meio campo jogando como alas, o que não aconteceu.

Eu começaria com Everton Ribeiro, já que o Sertãozinho é mais fraco do que o São Paulo.

No começo, a coisa parecia funcionar. Alessandro, como sempre, se movimentava bem e iniciou boa jogada. Finazzi, mais uma vez em dia pouco inspirado, perdeu as duas melhores chances do jogo. Mais uma vez, Perdigão distribuía as jogadas.

Mas ele cometeu duas faltas passíveis de cartão amarelo. E, desgraçadamente, teve de tomar banho mais cedo.

Era hora de os laterais se revezarem no meio para tentar fazer com que a bola chegasse ao ataque. Principalmente André Santos. Ora, o time estava, teoricamente, com três zagueiros e um protetor de zaga (Bruno Octávio). Se saísse um de cada vez, o time não ficaria tão desprotegido. Porque o Sertãozinho não utilizava as laterais.

Mano agiu rápido. Sacou Acosta - de novo - e colocou Bóvio para cobrir o rombo.

Mas ele entrou para destruir, e o time ficou acéfalo.

Aí, o time mandante resolveu jogar nas costas do Alessandro. E levou perigo! Principalmente com Thiago Silvy.

Na volta do segundo tempo, o treinador consertou as coisas. Botou Coelho na direita no lugar de Carlão. Assim, Alessandro foi deslocado para o meio. Finazzi deu lugar ao argentino Herrera, que pouco fez.

Em vez disso, eu tiraria Dentinho, muito isolado, e colocaria o Lulinha, que busca mais o jogo.

Mais uma vez palmas para o sistema defensivo. Apesar de duas falhas no primeiro tempo, mais uma vez Chicão e William tomaram conta da cozinha com eficiência. Mas o parco setor ofensivo é preocupante, menos por culpa dos atacantes do que da falta de um articulador de jogadas.

Corinthians roxo?


O Corinthians lençou a versão 2008 do uniforme 3.

Essa opção além dos uniformes tradicionais segue o que já vem sendo feito desde 2006. A camisa preta e dourada era para a disputa da Libertadores.

No ano passado, ele veio como uma inversão do uniforme 2. Branco com listras pretas.

O desse ano é... ROXO!

Dizem os homens de marketing do clube que era uma forma de homenagear os torcedores, que tentaram - infelizmente sem sucesso - livrar o time da queda.

Dizer que a maior parte dos corintianos torceu o nariz para a idéia é pouco. Alguns, mais exaltados, chegaram a pregar um boicote. Outros, radicais, dizem não comprar as camisas tradicionais enquanto o time usar roxo.

Também não sou partidário da cor. Preferia que, se fosse pra fazer um uniforme 3, que fosse bege, já que remete à história do clube - o Corinthians só passou a ser ALVInegro porque as camisas beges desbotavam e ficavam brancas.

Mas a camisa não ficou nenhum desastre.

E ela só vai durar um ano.

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Rescaldo do Majestoso

Depois do clássico, os são-paulinos reclamaram horrores da arbitragem.

Revoltaram-se com o pênalti em Dagoberto (têm razão) e com o gol anulado de Adriano (não têm).

Como se apitassem alguma coisa, resolveram barrar Sálvio Espínola de seus jogos. E a Federação, quem realmente apita, recuou covardemente. Pelo menos por ora.

Na coletiva, Muricy - por quem sempre nutri grande respeito pelo grande treinador que é - resolveu vestir a clássica arrogância são-paulina.

Disse que só quem não entende de futebol acha que Adriano fez falta.

Talvez ele não tenha visto que, mesmo que o Imperador não tivesse cometido infração (eu ainda acho que cometeu - e não sou exatamente um leigo no entendimento do esporte), as opiniões se dividiram.

Não se chegou a uma conclusão exata nem mesmo revendo o lance quinhentas vezes.
E Sálvio tinha pouco mais de um segundo para decidir! Estava convicto e perto do lance.

Ainda que tenham o direito de reclamar da arbitragem - todos têm - o pessoal do Morumbi precisa rever conceitos.

A Federação também!

domingo, 27 de janeiro de 2008

De injusto, só o zero a zero

Adriano poucas vezes conseguiu sair da boa marcação corintiana. Reclamou da anulação do gol, mas ele realmente fez falta em William (foto: Terra)

No primeiro clássico de 2008, Corinthians e São Paulo fizeram um jogo melhor do que se esperava.

Nos primeiros 10 minutos, o alvinegro comandou as ações. Logo no começo do jogo, Finazzi por pouco não abriu o placar.

Aos poucos o São Paulo, mais inteiro e entrosado, foi equilibrando a partida. Mas o meio-campo, comandado por um Jorge Wagner pouco inspirado, não fazia valer a tão propalada superioridade técnica.

As jogadas mais agudas aconteciam com Souza, do lado direito. Joílson parecia atuar mais como um volante, naquele mesmo lado.

Do lado corintiano, Perdigão assumiu a responsabilidade de distribuir as jogadas, já que Bruno Octávio cuidava do primeiro combate e Carlão fazia as vezes de um terceiro zagueiro.

Leve vantagem corintiana no primeiro tempo.

No segundo, o São Paulo voltou mais ofensivo. Dagoberto caía pelas duas pontas e era o jogador mais perigoso do bicampeão brasileiro. Mas o Corinthians se segurava bem, contando com atuações seguras de Chicão e Carlão.

Aí, o Mano resolveu mudar.

Sacou Acosta e colocou Lulinha. Então, ele e Dentinho jogariam mais abertos e Finazzi continuaria no comando de ataque.

Eu manteria Acosta e tiraria Finazzi.

Mas mais trocas ainda viriam. Coelho entrou no lugar de Dentinho, que atuou como ponta esquerda e fez boa partida. A sua função seria desempenhada por Lulinha, que não conseguiu ter a mesma eficiência.

E Perdigão, incansável, deu lugar a Bóvio. Seis por meia dúzia. Mano poderia ousar e colocar Éverton Ribeiro, atuando ao lado de André Santos pela esquerda. Mas preferiu ser mais cauteloso.

A única alteração de Muricy foi Carlos Alberto - que mudou de lado - no lugar de Joílson.

Aos 40, Adriano fez o gol que daria a vitória ao São Paulo. Mas Sálvio Espínola viu falta do Imperador em William. Ele acertou, pois Adriano realmente se apoiou no zagueiro corintiano.

O único erro do árbitro foi não ter dado pênalti de Chicão em Dagoberto, aos 19 minutos do segundo tempo.

No segundo tempo, o São Paulo foi ligeiramente melhor.

Não gosto muito desse papo de resultado injusto. Pra mim, isso não existe.

Mas o jogo merecia gols.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Aniversário

Cidade bandeirante, desbravadora
Monstro mantem metamorfose
Ao piscar de um instante, assustadora
Estranha encantadora esclerose

Da noite, o Masp emoldura a Paulista
Luz lancinante libertadora
Borba Gato perde o centro de vista
Cabral contempla rota redentora

Cinco cantos ecoam a periferia
Ritmo, hip, hop, prosa e poesia
Surge um conceito de luta
Da união, nasce a disputa

Monstros emergem do esgoto
Misto, rito, mito, roto
Na noite negra fazem festa
Retidão não tá escrita na testa

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Falando de São Paulo

Noite fria em pleno verão. Assim foram brindados os céus da Paulista para uma noite de debates sobre a aniversariante de 25 de janeiro. O evento é um entre tantos promovidos pela Folha. Sob o tão maltratado Masp dos últimos dias, a fila era intensa, mas, ao contrário do trânsito do rush, rápida. Antes de entrar, um senhor atrás de mim é abordado por um repórter. Tem por expectativa que seja discutida a história vista sob o prisma arquitetônico.

Seu Paulo diz que não tinha muito interesse em São Paulo até fazer um trabalho sobre a cidade. "Os imigrantes italianos se instalaram na Mooca e no Brás. Hoje em dia, é lá que se encontram os tantos conflitos da cidade". Vai mais longe. Diz que a Light deixou a cidade porque a indústria automobilística começava a florescer. E, com ela, fenecia o transporte ferroviário.

Descemos. E, aos poucos, o auditório vai tomando ares de casa cheia. Lá na frente, os palestrantes já conversavam. Ao soar da campainha, eles tomam seus lugares.
Gilberto Dimenstein faz as vezes de mediador. Começa contando que fazia 10 anos que retornava à cidade depois de um período em Nova York. Disse achar impossível uma cidade como aquela melhorar em tão pouco tempo. Mas ela melhorou. Assim como ele acredita que São Paulo também está melhorando.

Delfim, que passou a infância soltando quadrado no Cambuci, concorda. Mas enfatiza que algumas coisas têm melhorado menos do que deveriam. Barbara protagonizava os melhores momentos. Sabia rir até de momentos trágicos passados na cidade. "Fui sequestrada na Avenida Sumaré. E, no final, fiquei amiga do bandido."

Capixaba radicada no Rio, Danuza Leão poderia não ter muito o que acrescentar: "Não conheço São Paulo muito bem. Quando venho para cá, é para visitar minha filha e meus netos." Ledo engano. Sua participação foi bastante interessante. Principalmente em interessantes paralelos traçados entre paulistanos e cariocas. "Vocês vivem a cidade. O carioca gosta é de praia."

Apesar de ter uma visão extremamente otimista, ("Eu não escrevo todas as minhas colunas sobre São Paulo porque este fanático faz isso no mesmo dia que eu", diz Bárbara) a visão de Dimenstein não é desprovida de críticas. Diz que São Paulo errou feio ao não construir metrô e nas marginais. "O rio é a alma de uma cidade. Mas o Pinheiros e o Tietê são verdadeiros esgotos a céu aberto". Ele disse que, no lugar das vias que sempre ficam apinhadas de veículos ao longo dos rios, poderia haver parques.

Mas o jornalista, que coordena o Projeto Aprendiz também ressalta que a importância dos bairros está renascendo da cidade. "Tenho horror ao Alphaville e a essa coisa condominial que está surgindo." Cada vez mais as pessoas estão utilizando os serviços presentes em suas próprias localidades. "No Rio, isso também acontece. As pessoas tentam sair o mínimo de seus bairros.

Ao final, apesar de todo caos, a perspectiva de todos é que, daqui a 25 anos, a cidade esteja cada vez melhor. Os anseios de seu Paulo não foram atendidos. "Eu esperava mais". Mas, para mim, valeu. Foi um respiro de alívio para quem, durante os demais dias do ano, vê essa eterna babel em metamorfose ser demonizada.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Sombra

Perdeu-se pelas esquinas
Abraçou uma lembrança
Agarrou-se a um sonho
Quis libertar-se

Não conseguiu

Tentou vislumbrar esperança
Logrou mudar de rumo
Julgou escapar da cobrança
Mandou o corpo voltar ao prumo

Não conseguiu

A vida eterno pergaminho
Aquele coração sempre senzala
Desarmado, desviava do espinho
Da prisão falso furor propala

Será continuar o caminho?

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Um roteiro de sucesso. Que não existe.


Ontem eu assisti a um dos filmes mais bem sacados que já conheci.

"Roteiro de Sucesso" é a história de Kevin, um roteirista frustrado que arruma emprego numa produtora. Logo de cara, é avisado que não terá a menor chance de crescer ali dentro. Mas o que saturava, mesmo, era a falta de opinião dos colegas acerca de grandes trabalhos que iriam em breve a Hollywood.

Eis que joga ao vento uma história que não foi escrita: "O Terno Novo", de um certo Jordan Strawberry. Só que o que era pra ser brisa se transforma em furacão. Todo o meio cinematográfico fica sabendo do tal "new suit" e corre em polvorosa em sua busca. Tal como entidades onipotentes trabalhando em grupo, roteiro e autores fictícios armam uma teia de situações da qual o pobre Kevin não tem como sair. Como não pôde vencê-la, jogou o seu jogo.

Trata-se de uma bem humorada crítica ao hermetismo das relações hollywoodianas, repletas de um obscurantismo ao mesmo tempo perigoso e fascinante, e à falta de idéias próprias de quem quer que seja. Prova disso são os abobalhados colegas de Kevin, que fazem elogios rasgados a scripts que sequer leram. Isso se torna evidente quando comentam sobre o tal terno novo com sábia hipocrisia. Discorrem sobre um filme cuja idéia sequer existe.

Aos assinantes da Net, passa no Telecine. Vale a pena conferir

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Carnaval ponte aérea, linhas paralelas. Será?

Os carnavais de Rio e São Paulo tomaram direções paralelas no caminhar das décadas. Cada vez mais, as duas retas andam se encontrando por aí.

A cidade maravilhosa, a mais importante do país até os anos 60, capitalizava elementos do chamado grande carnaval, o da elite - os bailes mascarados importados da França e as sociedades carnavalescas - com os do "pequeno", o do povo - entrudo, congadas e cucumbis para formar as escolas de samba.

Do outro lado da Dutra, a então acanhada São Paulo herdava o samba rural trazido do interior pela crise do café. Esses pioneiros se instalaram principalmente em regiões operárias, como Bixiga e Barra Funda, terreiros de duas das mais tradicionais organizações carnavalescas da cidade: respectivamente, Vai-Vai e Camisa Verde e Branco, que por décadas se consagraram como cordões carnavalescos.

Até meados dos anos 70, o desfile de cordões - sem comissão de frente e mestre-sala e porta-bandeira e com um batuque fortemente calcado em instrumentos pesados como surdo e treme-terra - eram em São Paulo mais relevantes do que as escolas de samba que já começavam a surgir - entre elas, Nenê de Vila Matilde e Unidos do Peruche. Começava aí a primeira influência carioca no carnaval de São Paulo, já que o desfile das escolas eram a manifestação carnavalesca mais importante do Rio.

Em 1967, o prefeito Faria Lima dá ao carnaval um caráter oficial. Tinha como objetivo fomentar a produção de cultura. Mas as verbas que deveriam ser destinadas a tantas festas espalhadas pela cidade acabaram centralizadas na realização do desfile de escolas de samba, o que matou os cordões. Camisa e Vai-Vai tiveram de passar por uma metamorfose para sobreviver. Mais uma influência de Sebastião do Rio sobre Paulo de Piratininga.

A ponte aérea ainda apresentava semelhanças. O desfile do Rio passou da Presidente Vargas para São Januário, voltou à Presidente Vargas e foi para a Presidente Antônio Carlos. De lá, instalou-se definitivamente na Marquês de Sapucaí, onde, em 1984, foi inaugurada a famosa passarela do samba. Em São Paulo, a história começa no Ibirapuera, passa pela Avenida São João e desemboca na Tiradentes. Mas os paulistanos também vêem a necessidade de se construir um sambódromo. E se mudam do centro para a zona norte em 91. Nova influência carioca. A diferença é que o Anhembi - localizado entre as pontes da Casa Verde e do Limão - se erigiu no contexto de um pólo cultural. Não era um logradouro estabelecido.

No entanto, cada uma tinha suas próprias características. Na Sapucaí, o desfile se dividia em duas noites: domingo e segunda. E o Anhembi ainda seguia o cronograma da Tiradentes. Uma única noite de sábado. Até que em 2000 seguiu os passos do irmão maior.

E então nossa viagem desembarca no presente. Oito anos depois, uma nova diferença virou água. Tal como no Rio, São Paulo adota o quesito "samba enredo" no lugar de "letra do samba" e "melodia". Talvez influenciada pelas críticas feitas pelos comentaristas da Rede Globo. Essa talvez tenha sido a pior mudança que São Paulo fez, pois deixou de lado todas as nuances que separam letra de melodia. Eles separados faziam mais sentido.

Não sou contra trazer elementos de outras praças, até as portas abertas só enriquecem. Mas essa antropofagia não pode engolir uma essência que era necessária ao espetáculo.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Procura-se caixa de som desesperadamente

Já faz um tempo que estou sem caixas de som aqui no micro.

Preciso correr atrás de uma com certa rapidez, porque às vezes perco coisas boas que requeiram áudio.

Acabei de chegar da loja e simpatizei com uma que custava os seus sessentinha.

Aí, o vendedor me indicou outro conjunto, da mesma marca, por R$ 85. Segundo ele, era melhor e mais potente do que a outra.

Preferi pensar melhor antes de fechar com qualquer uma.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Clássico das multidões

Em tempos bicudos de série B, passei pra lembrar de um grande jogo que fui assistir com meu tio.

Era a primeira Copa do Brasil. O Corinthians havia chegado às quartas-de-final. E enfrentava o Flamengo. No primeiro jogo, no Maracanã, os rubro-negros venceram por 2 a 0. Zico e Júnior, já velhos, ainda jogavam. Apesar de adversário, era um prazer escondido ver o grande Galinho de Quintino

Ainda de frente pro Ronaldo, Jairo disse: "Vamos para o lado que o Corinthians ataca." Em tempos em que não havia separação de setores tão rígida, fomos da lilás pra amarela, onde geralmente fica a Gaviões. Dessa vez, encarando o eterno reserva Cantarelle.

Neto marca um gol olímpico logo de cara. Mas Zico empata de cabeça.

No segundo tempo, o Timão reagiu. Neto, de novo, Eduardo - com um petardo de longe - e Dida deixavam o time na boca da classificação. Por diferença de gols.

Depois do quarto gol, o negrão não se conteve. Foi pro alambrado tirar um sarro dos flamenguistas.

Pra quê? No último respiro, Junior tocava na saída de Ronaldo.

Fim de papo, porque a diferença se igualava, mas os cariocas se classificavam por fazer mais gols fora de casa.

A eliminação foi frustrante. Mas foi um jogaço, em que prevaleceram a mística corintiana e a malandragem dos experientes craques da Gávea.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Os dilemas do idioma

Venha tomar meu brunch.

Saiba que eu tenho approach

Na hora do lunch

Eu ando de ferryboat



Em Samba do Approach, os Zecas Baleiro e Pagodinho brincam com os estrangeirismos que invadem a língua portuguesa não é de hoje. Com esses temperos importados, a versão brasileira do idioma ganha corpo e enriquece. É assim que a Veja critica duramente uma proposta do ex-presidente da Câmara, Aldo Rebello, de proibir palavras enlatadas em anúncios, meios de comunicação, documentos, letreiros de lojas e restaurantes.

Bem verdade é que qualquer tentativa de se fechar para tudo o que vem de fora. Até o fim dos anos Sarney, o Brasil se protegia do capital estrangeiro, sob o argumento que a indústria do país não teria força para competir. Na verdade, tal fraqueza vinha justamente dessa muralha. Porque, com pouca concorrência, não havia tanta preocupação com o consumidor. A derrocada da barreira veio com o governo Collor. Hoje, o Brasil depende, e muito, do capital vindo de fora- tanto que ainda busca o tal grau de investimento concedido pelas agências de risco. E as grandes empresas brasileiras em vez de morrer, ficaram ainda mais fortes. Mais do que isso: muitas, como Vale, Gerdau e Petrobras, também investem lá fora.

O mesmo movimento acontece na língua. O protuguês brasileiro recebe influências vindas de todas as partes: inglês (shopping center), francês (abajur), árabe (açúcar), entre outras. Tudo como parte de um processo natural de transformação pelo qual todos os idiomas passam. Mesmo na língua inglesa, há palavras francesas como resumè (currículo) e fiancè (noivo/noiva). Impedir tal fluxo é, num mundo cada vez menor, uma tentativa insana de brecar o inevitável.

Contudo, o projeto de Rebelo, por mais incoerente que possa parecer, lança luz sobre um problema. Em alguns casos, a mania brasileira de preferir o que vem de fora beira o exagero. Em alguns anúncios, há palavras perfeitamente substituíveis por elementos do português. Por exemplo: levei um tempão para descobrir o que era o diabo do "delivery" escrito em fachadas de algumas redes de fast food (opa!). Significa entrega em domicílio. No meio executivo, parece que o inglês vai aos poucos jantando o português com seus "briefings", "headhunters" e quetais. Alguns jovens preferem jogar "water polo" a "pólo aquático".

Pô! Aí já é demais, né?

Se não podemos bancar os xenófobos, também não precisamos exagerar.

Nem tanto ao sea, nem tanto à land

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Reedição de Conexão

Mais uma reedição de texto do blog antigo.

Divirta-se.

Lendo a Época desta semana, encontrei duas matérias que, de alguma forma, se "conectam". A de capa diz respeito ao pânico excessivo que a violência tem provocado nas pessoas... e a reação de cada uma delas a uma situação de perigo. A outra, "O Valor da Amizade" fala de um projeto que quebra a resistência entre policiais e pessoas da favela. Esta me chamou a atenção por se referir a um "perfil de bandido" que os policiais costumam ter. Qualquer garoto de pele escura, de bermuda e chinelos seria um potencial delinquente.
Curioso é que senti os sintomas de perigo uma vez, em que estava descendo do Metrô para casa. Usava camiseta branca, calça preta e carregava uma mala. Um camburão diminuiu a velocidade... e senti que o negócio era comigo. Não deu outra. Me confundiram com um ladrão que acabara de agir nos arredores. E, segundo eles, usavam a mesma vestimenta. Não houve agressão física. A violência foi moral.
Que o exemplo de Belo Horizonte sirva como exemplo, principalmente para os guardas paulistas, de repensar esse tal "perfil". O cidadão tem o direito de não ser confundido com um bandido.

domingo, 6 de janeiro de 2008

Guga sai de cena. Pra entrar na história


Parece até que foi ontem...

Depois de ter terminado um de tantos cursos de jornalismo esportivo, lá estava eu em um negócio que parecia promissor: o site esportivo Direto, com boletins diários em áudio.

Lá pelas tantas, fiquei responsável pelo tênis.

E tive o privilégio de acompanhar de perto a trajetória de um dos maiores ídolos do esporte nacional.

Gustavo "Guga" Kuerten já havia se tornado um dos grandes do tênis mundial ao vencer, em 97, o torneio de Roland Garros. Depois de um hiato de dois anos, voltaria a vencer em 2000.

Foi um ano de muita torcida. Eram não só os Grand Slam, mas também os Masters Series e Copas Davis - num confronto com a Espanha, carregou o Brasil nas costas. Detalhe: a competição acontecia na casa de Moyá, Corretja e companhia. Guga tinha um backhand fenomenal. E, como especialista em saibro, a superfície mais lenta, contava com um sólido jogo de fundo de quadra. O grande defeito era a inconstância emocional, que às vezes o fazia sumir do jogo.

Em 2000, o "Mané" disputava com o russo Marat Safin a primazia de ser o melhor do mundo. Cada torneio se tornava um jogo de xadrez, que teve o seu ápice na final do Masters Series de Hamburgo. Sem sombra de dúvida, o maior jogo de tênis que já vi na vida. E Guga venceu.

No final do ano, veio a Masters Cup em Lisboa. No primeiro jogo, Guga enfrentava Andre Agassi. Venceu o primeiro set, mas sentiu uma contusão. Resolveu continuar o jogo. Mas jogar meia-bomba com aquela fera era pedir pra perder. E não deu outra. Agassi venceu de virada.

Safin tinha a faca e o queijo na mão. No grupo vermelho, o russo havia vencido Alex Corretja e Lleyton Hewitt. Do lado de lá, o grupo verde, Guga se recuperava em cima de Magnus Norman e Yevgueni Kafelnikov (o compatriota de Safin se configurava numa espécie de amuleto. Sempre que Guga o encontrava nas quartas de final de Roland Garros e o vencia, era campeão).

Aí, Safin perdeu para Sampras e se classificou em segundo.

Foi enfrentar Andre Agassi, que ficou em primeiro no grupo de Guga. Perdeu!

O Mané bateu de frente com o maior de todos os tenistas. Naquela fase, Sampras já estava na curva descendente. Mas, ainda assim, era espetacular.

A oportunidade ideal para a revanche do Masters Series de Miami, que Guga havia perdido por 3 sets a 1.

Sampras venceu o primeiro set no tie break. E o sinal teimava em cair o tempo todo.

Mal deu pra ver a virada do brasileiro. Que começava a significar o trono do ano.

Voltava a enfrentar Agassi. Dessa vez, na decisão.

O carequinha não teve a menor chance.

O melhor momento do tênis brasileiro vai ser apenas memória depois de 2008. Os seguidos problemas no quadril fazem com que Guga não suporte mais um circuito cada vez mais veloz (coisa que não era o seu forte mesmo nos melhores tempos). As seguidas contusões fizeram até mesmo os adversários lamentarem sua falta de sorte. Lleyton Hewitt chegou a dizer que Guga era o único que poderia enfrentar Roger Federer de igual pra igual.

Aliás, no confronto com o suíço, Guga não faz feio: uma vitória pra cada lado.

O triunfo do brasileiro veio quando Federer já era o rei das quadras. Nas oitava de final de Roland Garros, em 2004. Mas, já com o crônico fardo nos quadris, Guga sucumbiria ao argentino David Nalbandian nas quartas.

Eu esperava que ele conseguisse ressurgir como Agassi. Mas o físico já não obedece mais. Gustavo Kuerten do Brasil está prestes a virar história. Uma série de torneios marca a sua despedida em 2008. Antes assim do que vê-lo se arrastar sem forças para continuar.

É triste. Mas valeu pelas alegrias

Obrigado, Mané.

sábado, 5 de janeiro de 2008

A cidade do Sol

Acabei de ler "A Cidade do Sol".


O segundo romance de Khaled Hosseini, afegão radicado nos Estados Unidos, repete um traço de "O Caçador de Pipas": o enredo calcado em dois protagonistas. Dessa vez, duas mulheres sufocadas pelo desprezo da vida e pela tumultuada vida política do Afeganistão. As histórias de Mariam e Laila são contadas em separado... até que se juntam.

Filha bastarda do rico comerciante Jalil, Mariam se vê privada da convivência com a mãe, Nana, ainda aos 15 anos. Para se livrar do problema, as três esposas do homem resolvem casá-la com o sapateiro Rashid, trinta anos mais velho. Depois de tantas tentativas frustradas de substituir o filho, que morreu afogado anos atrás, a harami (bastarda) se vê aprisionada num mundo de violência e indiferença.

Laila é uma das vítimas da história cheia de reviravoltas do país. Caçula de uma família aparentemente estruturada, é adorada pelo pai, um ex-professor universitário, mas sofre da mãe velada rejeição, que piora após a morte dos filhos na guerra contra os comunistas. O grande amor da sua vida, Tariq, é a muleta que dá sentido a sua vida. O conflito chega ao fim, mas traz com ele coisa pior: os governantes afegãos, unidos para expulsar a União Soviética, agora resolvem lutar entre si pelo poder. O novo combate faz Tariq se mudar para o Paquistão... e mata os pais de Laila.

É esse o fio que entrelaça a sua vida com Mariam. Desamparada, vê se forçada a casar-se com Rashid. E apesar de realizar o sonho do homem de ter um filho, também não terá uma convivência harmoniosa com esse homem difícil. A princípio inimigas, as duas começam a desenvolver uma simbiose no intuito de sobreviver. Laila dá a Mariam uma felicidade que ela nunca havia experimentado. Esta retribui com a maternidade que ela nunca havia encontrado na mãe.

Ao se deparar com as suas histórias, o leitor se vê participando das tristezas e sofrimentos das protagonistas. Ao final, elas encontram, por vias distintas, a redenção.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Imagine eu e você

Ontem assisti a uma comédia inglesa chamada "Imagine Eu e Você".

Rachel se casa com Heck, mas, ainda na festa de casamento, a sua vida vira de cabeça pra baixo quando encontra a florista Luce. Fica no ar um jogo entre ele e a mulher pra ver quem fica com Rachel.

Ele é tímido e às vezes um pouco sem-graça. Parece meio frio demais com ela.

Ela, mais interessante e poética. Mas um pouco agressiva demais.
Luce vence o jogo com relativa facilidade.

Fico com pena de Heck. Porque ele gostava muito dela. E, se era meio paradão, não o fazia por mal. Mas por não saber como agir.

Não gostei do desfecho. Torci para que ele revertesse a situação.

Mas os planos do roteiro foram cruéis com o rapaz.