quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Amor ou amizade: comédia e romantismo na medida certa

Assisti ontem no Telecine a "Amor ou Amizade".

Ryan e Jennifeer eram colegas de colegial que, por um golpe do destino, vão parar na mesma universidade. As carreiras que escolheram diz muito sobre as suas personalidades. Ele, planificado como um engenheiro civil. Ela, estudante de latim, prefere se deixar levar pelo mar da vida. Mas a amizade nascida durante o curso universitário foi uma peça que nenhum dos dois esperava pregada.

A diferença entre os traços do ser faz com que um seja complemento do outro. O metódico Ryan não entende como Jen pode não ter planos depois de uma provbável pós-graduação na Itália. Ela tenta quebrar o modo literal demais que ele tem de encarar a vida.

Só que, aos poucos, a peça do destino começa a ganhar novos contornos. No clímax da trama, os papéis começam a se inverter. Tal transformação tem a sutileza de uma hecatombe totalmente desprovida de meio termo. A partir de então, a relação dos dois fica de frente para uma bifurcação: ou deslancha, ou desmancha.

"Amor ou Amizade" é um filme desapegado de qualquer complexidade psicológica. Peca pelas atuações um tanto exageradas dos coadjuvantes Jason Biggs e Amanda Detmer, como os amalucados Hunter e Amy. Mas tem diálogos inteligentes e consegue ser comédia sem escracho e romântica sem ser pegajosa. Os protagonistas Freddie Prinze Jr. e a gracinha Claire Forlani são mesmo a alma do filme, com boas atuações. Ele se destaca, por extrair mais de sua personagem. Ela faz uma apresentação contida e sem meneios, mas é um pouco mais convencional.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Guerra dos sexos?

Na última segunda-feira, li no Folhateen, o encarte da Folha dedicado aos jovens, uma matéria entitulada "Os homens 'são assim'".

Eis aí a matéria:

A COMPLACÊNCIA da humanidade com os homens é uma coisa realmente irritante.

Com a revolução sexual, queima de sutiãs, pílula, luta pelo sufrágio universal etc., a mulher mudou seu lugar no mundo. Trabalhamos, não precisamos depender dos homens para sobreviver, temos filhos se quisermos e usamos calça. Parece espantoso, mas nem sempre foi assim. Claro que essas conquistas femininas também têm seu lado negativo. Trabalhamos demais, entramos no drama de ter ou não filhos, fazemos jornada quíntupla de trabalho e ainda lavamos mais a louça de casa do que os homens.

Contradições da vida. O mundo sempre em mudança. Esse tipo de coisa. Não ficamos nos lamuriando por aí. Lamúria, às vezes, é importante. Mas, como rotina, é bem chata. Sabemos que temos que ir à luta, que nem tudo é perfeito, que não existe mundo ideal e por aí vai. Por isso, todos os dias colocamos os óculos escuros e, com ou sem lágrimas, vamos trabalhar e nos divertir.

Os homens, por sua vez, muitas vezes se sentem mais por fora do que umbigo de mulata. Não conseguem se adaptar aos novos tempos, têm draminhas existenciais que são reflexo do mundo (ainda) machista em que vivemos, trocam os pés pelas mãos. E esse é o ponto: em vez de o comportamento masculino ser criticado, todo mundo entende que o homem se sinta perdido. "Ah, coitados, né, eles não sabem mais o que fazer." E perdoa. E sobra para quem? Para a mulher, que é OBRIGADA a entender e aceitar um comportamento "vintage" do alheio.
Claro que a humanidade não tem a mesma complacência com o lado de cá. Mulheres ganharam, com o tempo, fama de sem noção, histéricas e pegajosas. Se elas agem de um jeito bizarro porque realmente o mundo é muito louco -e, logo, às vezes as moças também surtam-, são tratadas como... doidas e malucas.Enquanto escrevemos esta coluna, muitos homens, coitados, estão perdidos. E muitas mulheres estão sendo chamadas de malucas surtadas. E depois perguntam se a gente ainda tem motivos para ser um pouco feminista...

O texto é de uma estupidez pra lá de arrogante - como costuma ser a maioria das feministas. Esquece estrategicamente de que o homem também sofre pressões e opressões.

A tal humanidade que elas dizem ser tão complacente com o sexo masculino não perdoa quando estes falham na sua missão de prover a família. Deve sempre ser bem-sucedido e másculo. Se chorar, imagina, é um "fraco".
Num mundo em que os divórcios são frequentes, o direito tende a deixar os filhos sempre, ou quase sempre... com a mulher. Além do mais, trair é da natureza... do homem. A mulher, coitada, é sempre a mártir quando o canalha do seu marido pula a cerca. Mas ela também pula. E ninguém sabe. Se ela sofre nas mãos de um cafajeste, todos os demais espécimes do gênero também passam a ser. Do lado de cá, tais generalizações simplesmente não existem.
Além disso, é natural uma posição defensiva acerca das mudanças de rumo da sociedade. Afinal, não se sabe exatamente que tipo de homem ela quer. Num tempo, elas reclamam da brutalidade dos alfa, e o metrossexual ganha força. No outro, que não demora muito a acontecer, este é visto com reserva. Afinal, "eu quero um HOMEM". Aí, o alfa volta a ser o favorito.

Reconheço a importância das lutas femininas, que continuam. Elas continuam ganhando menos e ainda são extremamente maltratadas em várias culturas. Mas a "guerra dos sexos" declarada via de regra por elas não é uma postura saudável.

Diana

Ensolarada, a Fradique luzia movimentada. Chegara cedo para a entrevista. Estava tão surpreso que nem se lembrara de ter mandado o currículo. Uma oportunidade que há muito ansiava. Mas, a cada suspiro, queria expulsar o nervosismo. Em vão. Naquela sala pouco ampla, mas muito clara, contemplava um burburinho de luzes, câmeras e maquiagens. Os flashes salpicavam o ambiente. Ensaio fotográfico.

No intervalo, a modelo sentara a seu lado para descansar. Usava saia rendada e camiseta preta. Sua beleza não se contentava com o que se via de fora. Algo irradiava sabe-se lá de onde. "Veio falar com o homem?" Assentiu. "Boa sorte!"

A bela surpreendera-o. Não era comum alguém com tamanha exuberância irradiar simpatia. Aquela adrenalina do começo sumiu por completo, como que por encanto. A conversa com o homem, dono da empresa, fluiu mais calma. No fim das contas, não era bem aquilo o que planejava, mas topou o negócio. Começaria no dia seguinte.

Assim conheceu Diana, a moça que parecia esculturada em outro mundo. Não pela formosura do corpo, que não chegava a ser gigantesca, mas pelo conjunto que formava com a virtuosidade que transbordava do seu espírito. A princípio, encantou-se de paixão. Quis fazer-lhe gracejos, como dar flores e chocolates. Bobagem! Ela já tinha alguém. Sonho distante, mas naquele coração não entraria pela porta da frente.

De tão infantil, a paixão logo escorreu pelo ralo do inconsciente. Mas o amor ressurgiu de maneira fraternal. A admiração vinha não só daquela combinação de belezas que ela possuía, mas também de talento e impetuosidade de se jogar nas aventuras mais arriscadas. A ele sobrava um, mas faltava boa dose da outra. Tal reverência fazia parte de uma pequena reforma de persona que queria fazer. Também sabia ter dela algum afeto; só não sabia quanto. Não acreditava muito nessa história de incondicionalidade; achava que as pessoas tinham o direito de querer ser amadas.

Certo dia, indicado por ela, ganhou nova função: cobriria as suas folgas. Naquele momento, a amizade tornara-se mais intensa de parte a parte. No serviço, começou claudicante, mas aos poucos foi se habituando. Inversamente proporcional era a dificuldade de lidar com o seu chefe direto. Uma vez, o facínora achou que tinha o direito de vociferar contra ele na frente dos outros. Noutra, criticava-o pelas costas. O sujeito era de lua: até que não era mau, mas alternava bom humor com estrelismo.

Diana já não mais alimentava o tal amor distante. Apesar de tão linda, esse tal cupido tinha com ela uma relação de conflito. "Ninguém quer namorar comigo.", disse certa vez. Ele discordou com uma mistura de ironia e verdade: "Bobagem! A fila de pretendentes vai até a Doutor Arnaldo". É... Alguma coisa os dois tinham em comum.

Mas a relação não se via livre de desapontamentos. Dia desses, ele quis comemorar o aniversário, mas foi deixado na mão pelos convidados. Diana disse que o primo também comemoraria o seu no mesmo dia. Pensou que ela poderia ter dado uma passada no seu. E não era a primeira vez que fizera isso. Via a balança de sentimentos pender contra si, mas perdoou.

No fim do ano, deixou a empresa, mas manteve os contatos com ela e os demais colegas. Aí, soube pelo Cláudio que lhe morrera a irmã. Sentiu-se na obrigação de confortá-la. Não fora aos funerais, mas comprou uma flor e escreveu-lhe uma carta. Nela, dizia que, mesmo sabendo da necessidade que a vida impunha de encarar feridas, lamentava não poder sofrer por ela. Uns cinco dias depois, foi até lá e concentrou num abraço toda a ternura possível. "Hoje estou um pouco mais forte.", disse. A quem ela tentava enganar? Estava bastante fragilizada e carente. Precisava daquele gesto. Dias depois, disse a ele que a flor se abriu como nunca. "Minha mãe me disse que era fruto do carinho com que ela foi dada."

Mas a tal balança de sentimentos mais uma vez entrou em ação contra ele. Recebera um par de convites para um show. Como era um de seus artistas favoritos, não abriria mão de estar presente. Mas saía pouco, vivia por muitas vezes solitário e não era um popular. Carecia, e muito, de boas amizades. Então, resolveu tomar coragem para convidá-la, porque não suportava a idéia de ir sozinho. Não fraquejou, mas gaguejou. E mal pôde formular as palavras. Perspicaz como nunca, Diana concluiu. "Você quer que eu vá com você? Ah, tudo bem."

Suspirou de alívio e felicidade. Não, a paixão de outrora não renascera. Mas o amor, sentimento universal, é muito maior do que imagina a superficial sabedoria humana. Amava-a, sim; mas não queria casar-se com ela. Até porque, imaginava, tinha poucas chances de dar certo, já que as personalidades não se pareciam tanto assim.

Preparou-se para o evento como nunca. Cortou o cabelo, barbeou-se e escolheu a melhor roupa. Mas toda a sensação de júbilo de dois dias antes escorrera para junto da tal paixão um dia sentida por ela. Diana mandou um recado pelo celular dizendo que, por motivos de força maior, não poderia ir. Não acreditou no que acabara de ler, e ligou para ela. Diana pediu mil desculpas, mas confirmou: teria de levar o pai a uma consulta médica, e não voltaria a tempo.

Não tinha certeza de nada, mas sentiu naquilo uma desculpa. Teria aceitado o convite por medo de magoar, e tentou arrumar uma forma de desfazê-lo. Talvez achasse não ter feito tão mal. Ocorre que, quando ela disse o “sim”, fez nascer nele uma poderosa sensação de felicidade e esperança. A vida parecia fazer sentido; e, ao declinar, fez tudo isso desmoronar. Destruiu-o, e a mágoa rasgava-o como alma em frangalhos. Teria sido menos doloroso se ela recusasse logo de cara.

Mais uma vez, teve de se contentar com a solidão. A apresentação fora sublime, mas incompleta. O que já foi desapontamento virou uma grande decepção. A tal balança de sentimentos pesava definitivamente contra ele. Amava-a demais, e era porcamente correspondido. Quase achou que não significava nada para Diana. Resolveu não mais alimentar tal sentimento; continuava gostando dela, mas a admiração gigantesca de outrora jamais seria a mesma dali pra frente.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Céu e Terra

Na penumbra dali
O teu brilho eu vi
De lá, onde o Divino descansou
Pra cá, em que o homem moldou

Centelha da Obra celeste
Cegou o agreste
de sul a leste
Ficou sem norte
Alheio à sorte
E à lucidez

Intenso, perdi o chão
Urgia imenso, desmanchei
Mesclei-me ao ar
Estanquei

Ai de quem fica à mercê de ti

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Aniversário

Ontem à noite compareci à comemoração do aniversário de um amigo recém-feito.


Cadu Silva, por força de cruéis circunstâncias agora um ex-colega de serviço, completou 33 anos e celebrou a passagem no bar Nostravamos. Um lugar bastante animado e, na ocasião, com música de boa qualidade, formada por conhecidos do aniversariante. O único inconveniente foi a falta de uma ventilação adequada, que deixou o ambiente bastante abafado.

A madrugada fora atravessada a base de muito rock, acompanhado de gente simpática e mulheres muito bonitas. Ao final, a atitude infeliz de um funcionário ameaçou quebrar a harmonia. Ainda bem que os donos do estabelecimento agiram rápido e apagaram o incêndio.

Ainda bem. Cadu é um cara muito bacana e não merecia que a sua festa fosse manchada por um idiota qualquer.

Parabéns, amigo!