“A menina ganhou bronze.”
Era Jade. Mais que jóia, a lira encarnada. Mais que inspiração, a poesia em pessoa. Que ofereceu à nação recém liberta uma de suas páginas mais grandiosas.
Antes disso, tal divindade tomou várias formas. Quando apresentada aos seus, era Fellini. Encenou, a quase um só tempo, o drama e a redenção. E, por um instante, poetizei. O choro incontido e o riso acanhado nos faz juntos por ela encantados. Mas quando no velho mundo, vestiu-se de Homero, posto que conquistou. Mas dourou-se de uma pitada de Machado, posto que não venceu.
Para surpresa – e até um pouco de decepção - dos súditos, nem derramou as lágrimas de sempre. Seu espírito transcendeu de tal forma que tomou da emoção as rédeas do seu ser. Mas, ao chegar à terra adorada, o equilíbrio de outrora se restabeleceu. Então, como se presenteasse, não conteve um pranto feliz. Que me acertou em cheio. Essa garotinha tem mesmo vocação para tocar corações.
Tanta arte só tinha de ter a sua apoteose num Teatro Municipal. O Brasil olímpico se curvava àquela princesinha, que exalava ternura até no jeito meio desengonçado de caminhar sobre o salto alto. A pequena duelou com gigantes. E venceu. Lutou contra as emoções. E perdeu. “Ai! Eu queria não chorar, mas...”
Será uma demonstração de fragilidade? Longe disso! Em si também repousam Elis e Leila Diniz! Transgressora, porque não dança um baile de máscaras, de tão verdadeira. Inovadora, porque consegue combinar autenticidade com doçura.
Mas, afinal, por que tanto ela chora? Porque sua alma é tão gigantesca que não cabe no seu metro e cinqüenta e dois. Por isso, é necessário que se expresse. E transborde.
Hoje, essa heroína vive o ano dezessete de sua existência. Em tão pouco tempo, teve muito a ensinar. Este humilde arauto, que viveu quinze anos a mais, não tem um décimo de sua força e coragem. E por isso a admira tanto. Portanto, não diz parabéns. Diz obrigado!
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