sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Pérola Negra faz o samba paulista mais vivo do que nunca

Ainda que somente pelas ondas virtuais, tenho acompanhado com atenção os sambas-enredo que serão levados à avenida no grupo especial do carnaval paulistano. E aos poucos, vou trazendo as emoções sentidas durante os ensaios.

Uma coisa, porém, eu já posso adiantar. Tenho a impressão de que as composições deram um salto de qualidade dos anos 90 pra cá. Há uma quantidade cada vez maior de sambas muito inspirados tanto na letra quanto na melodia. Conseguir um resultado assim não é possível se o enredo não for igualmente marcante.

Bom, como o sacerdócio me deixou bem mais longe das avenidas, não tenho acompanhado com tanto afinco. Portanto, essa pode ser uma impressão errada.

Um conjunto enredo-samba que me causou especial emoção foi o da Pérola Negra. Em linhas gerais, a sinopse trata de uma aventura pela Índia em busca de uma jóia sagrada, "o símbolo mais puro do amor." Mas ao chegar ao Taj-Mahal, a tal preciosidade não estava lá.

Eis que o aventureiro volta ao jardim para perguntar o porquê de tudo. A voz divina que o conduziu então ensina a lição máxima: a jóia estava - Pérola Negra - estava consigo o tempo todo.

Trata-se de um enredo, se não inovador, no mínimo incomum. A Vai-Vai, em 98, fez algo semelhante. Em sonho, o sambista Criolé viajou pela história do Japão e com o Cassatu Maru atravessou o planeta em busca da terra prometida. Acordou em pleno desfile da Saracura.

Ocorre que o samba alvinegro nem de longe tem a mesma qualidade. A composição de Mydras, Carlinhos, Bola, Ladislau e Michel segue uma linha melódica própria da escola, mas é poético e ao mesmo tempo valente - nada mais óbvio para um enredo que evoca uma aventura. Ao cantar, o componente se sente o protagonista desta saga. E é essa a idéia central!

Se o desfile seguir a mesma toada, a escola pode colher belíssimos frutos.


quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Honestidade: virtude ou lição de casa?

Depois de muito tempo, eis que finalmente consegui dar uma repaginada no guarda-roupa no último sábado. Às vésperas do dia da criança, o pequeno aqui achava que enfim merecia presentes. Mas o que realmente me chamou a atenção foi o "prêmio" que recebi ao final do dia.

Quando cheguei em casa, Carla, minha cunhada, achou bonita uma camisa cor-de-rosa. Só que eu não a havia comprado. Num movimento pra lá de básico da minha personalidade, fui à loja devolver.

Como eu havia levado a sacola por engano de outra unidade, o processo de conferência levou algum tempo, mas se confirmou. Os funcionários ficaram muito agradecidos pela minha integridade. Pude notar nos seus olhos até uma dose de emoção. A gerente até pegou o meu telefone para que o responsável pela outra loja me ligasse para agradecer.

Sem dar chance à hipocrisia, senti-me contente com a demonstração. Mas a consciência falou mais alto: não fiz mais do que a lição de casa inerente a um ser minimamente humano. Ao mesmo tempo, não dá pra deixar passar até uma dose de tristeza. Muitos espertos, para quem ser íntegro é coisa de gente boba, ficariam com a camisa e, numa cadeia de eventos, provocar até mesmo uma demissão.

De qualquer forma, fui o beija-flor que carregava uma gota d'água para apagar o incêndio. Não conseguiria acabar com o fogo, mas fiz a minha parte.

Voltando de novo

Querido Confraria!

Sei que te negligenciei por muito tempo. Mas prometo que vou fazer o máximo para que a sua chama não se apague.