sexta-feira, 22 de maio de 2009

Política não é o meu forte. Mas...

Não tenho o hábito de tratar de política, mas tenho acompanhado com muito interesse a propalada derrocada moral dos parlamentares do Brasil.

De certa forma, eu acho boa essa tsunami de lama nos afogar. Entendo que não ficamos mais corruptos, mas mais bem informados. A meu ver, a sujeira de hoje é a mesma de anos atrás.

É aviltante a falta de comprometimento com o bem público da maior parte dessa gente. Mas eles são artífices de um círculo vicioso: o sistema de regalias mantido por alguns dinossauros - verba indenizatória, passagens aéreas, cargos de confiança em excesso e afins acaba engolindo até os políticos visto como exceções.

A notícia de que Fernando Gabeira deu uma das passagens a que tinha direito para a filha visitar a irmã nos EUA foi um soco no estômago. Mas nada me atordoou tanto quanto saber que Eduardo Suplicy - um homem a quem rendo profunda admiração - fez o mesmo para a namorada Monica Dallari. Eles próprios divulgaram seus erros antes que a imprensa os desvendasse.

Tanto disparate com a coisa pública faz muitos urgirem a necessidade de uma reforma política. Nesta semana, a revista "Veja" defendeu propostas como o financiamento público de campanha e o voto em lista fechada.

Sou totalmente a favor do primeiro item, que diminui a diferença entre "grandes" e "pequenos", combate devolução de favores e quebra os tais cartéis, que votam pelos seus financiadores, não pelos eleitores. Mas será inócuo se não houver forte fiscalização do eterno caixa dois.

Quanto à lista, tenho minhas dúvidas. O objetivo inicial é despersonalizar o voto legislativo e obrigar os partidos a se unificar. Bonito, mas o problema é que nossos partidos têm projetos de poder, e não de país. O PMDB é o exemplo mais acabado disso. Rachada como terra arrasada, a maior legenda do país navega conforme as conveniências. E visa a interesses. Caminhos parecidos, embora em doses bem mais homeopáticas, trilharam PSDB, DEM e PT. O primeiro surgiu em oposição ao poderio de Quércia, mas em 94 se aliou ao DEM (na época, PFL) porque de outro jeito não chegaria ao Planalto. Mais discreto do que o PMDB, o Democratas prefere ser poderoso na esfera legislativa para ter influência... não se aventura a vôos maiores.

Se a lista levar os partidos a um conteúdo programático mais consistente, será bem-vinda. Mas creio que eles já deveriam possuir tal maturidade.

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