domingo, 9 de setembro de 2012

Samba sete: a sensação sentida ao vivo

Fazia década que não ia à Tucuruvi. Ainda me lembro da final para 2002, quando Jelleya, Kadu e companhia venceram a disputa pra falar de Uberlândia. À primeira vista, pareceu que o tempo não passou. O mesmo posto da Petrobras ao lado da quadra, já na esquina com a rua Purus, a mesma simplicidade acolhedora do lado de dentro.

Iam chegando os componentes de diversos setores: ritmistas, harmonias, diretorias. Antes de entrar, dividiam três espaços: uma van de cachorro-quente em frente à quadra, uma barraca do outro lado da Mazzei e outra do lado de lá, logo depois da Purus. A certa hora, Adamastor chegava com refrigerantes e, com a autoridade do mestre que é, manda os batuqueiros darem uma força.

Iam chegando os competidores, cada um com sua cor, mas com algo em comum: o desenho de Mazzaropi às costas. Aos cem anos, o Jeca Tatu mereceria da Cantareira honrosa homenagem - justiça seja feita, o contemporâneo Adoniran, tão genial quanto, não teve a mesma sorte. Ouvi as gravações em estúdio do samba 7, de Barba, Jelleya, Alemão, Felipe Mendonça, Maurício Pito e Leandro Franja, e não pude deixar de arrebatar. Tinha que ver aquela "paulada" ao vivo.

Ainda deslocado, um incauto dos tempos de Sasp me cumprimentou: Fred Marimba. Dez anos depois, estava um tanto mudado, mas enfim reconhecível. Eu, de boa memória, levei um tempo pra reconhecer o perucheano de voz potente e jeito de compositor. Ele percebeu a dúvida e ainda tirou onda da minha cara. Confesso no deslize, admito: ele tá coberto de razão.

E enfim me enturmei. Surpresa e felicidade ao receber cumprimentos de Jelleya pelo post anterior - que foi lido por todos os integrantes da parceria. Eles me perguntaram da dinâmica do Confraria - um blog pessoal, pouco lido e, por isso, de periodicidade incerta. Alemão e Marimba conversam sobre as caravanas feitas às finais do Rio, vitórias incertas e o nem sempre fácil acesso dos compositores aos melhores intérpretes.

Chega o Barba e chama o Raphael para a passagem de som. Aquela névoa que misturava alegria, emoção e poesia emanada pela composição, ao ouvir o áudio pelo computador, multiplicou-se ao vivo ao soar de tantas vozes engajadas e embargadas. Entramos, porque o Sete seria o primeiro samba a se apresentar.

Lá dentro, Adamastor dava à batucada um andamento cadenciado - temperado com a ótima paradinha reggae adotada de outros carnavais. Jelleya pediu pra torcida se espalhar até a área permitida pela harmonia. Quando Raphael entoou o grito de guerra, a mesma emoção. Foi uma apresentação machucada pelo feriado, já que muitos viajaram, mas muito consistente. 

Ouvi a passagem dos demais sambas e suas torcidas. Armênio e Imperial, excelentes compositores, não poderiam deixar de entregar ótimos cartões de visitas. A briga é boa, mas as chances não são nada desprezíveis. Um fim de noite para recordar e repetir. Assim espero.

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