Quando troquei Piratininga por Guanabara, trouxe comigo um samburá repleto de sonhos. E ainda tive de lidar com a tristeza de deixar tanta gente querida pra trás. Mas, como diz a sabedoria facebookiana, não se fazem omeletes sem quebrar os ovos.
Na véspera da partida, um Guia me disse: "Agradeça às dificuldades que você vai enfrentar". Confesso ter achado que não seriam tantas assim. Me enganei. Enfrentei solidão, decepção, mesquinharia e ganância. Cheguei a tomar banho de caneca. Senti a pressão de poder não ter onde morar. Felizmente, não aconteceu.
A tormenta, um dia, haveria de acabar. Um raio de sol se avistou no alto da tempestade quando Victor me acompanhou à festa junina da Irmandade, em Guapimirim. Vindo da casa da Mãe querida, eu era recebido pelo Pai de braços abertos. Começava a pontilhar o meu caminho por ali. Luiza, a irmã que nunca tive, já havia me recebido em seu lar.
Ao mesmo tempo, comecei a traçar no trabalho uma história de amizades. Cheguei para substituir um anjo chamado Edileia. Como o destino haveria de pregar peças, Tiago é filho do sambista que me ensinou a amar a estrela-guia de Padre Miguel. E eu, paulistano, invadi o Almanaque... Carioca. Ele conta também com Marina, a conterrânea incansável que substituiu João, o guerreiro. Um salve também aos imprescindíveis Jorge, Marcio e Virgilio.
Numa dessas noites da semana, Zé Carlos me apresentava um projeto de expansão do ensinamento da nossa Fé. Um dia, a Obra leva um baque: perde para a Eternidade um de seus líderes. Corremos para contribuir para o voo de Marcia rumo aos céus. Senti que a luminosidade da Obra tinha infinito reflexo em meu ser.
E entre tantos anjos a já rondar o espectro da minha jornada, não posso me esquecer de Sheila e Gustavo, que me ofereceram um fim de semana em seu lar. Mas, no domingo à noite, a mais doce das divindades se apresentara. Uma sacerdotisa me cumprimentou como se há muito me conhecesse. Pra minha eterna vergonha, não a reconheci. Pequena no tamanho e gigante na ternura, Rose já figurava na minha lista de amigos. Ela é daquelas pessoas de quem é simplesmente impossível não gostar muito!
Conheci na EBC algumas figuras admiráveis. A belíssima Luciana coroava uma trajetória de muita luta e ousadia. É uma das poucas negras a apresentar telejornais. Na OAB, tive ainda mais apreço pela caminhada dessa valorosa mulher. Também começava a enfrentar turbulência: os funcionários entraram em greve. Não apenas pela manutenção de direitos, mas por um novo jeito de fazer comunicação.
Eis que vira o meu ano novo particular. Marcia, a maior das supermães, a mais Bárbara das crianças e a grande Ivanilda estão presentes à celebração. Resolvo marcar um encontro com os amigos na semana seguinte. Como o calendário estava pra lá de apertado, a sexta-feira 13 era o único dia realmente disponível. E eu, tão avesso a superstições, nunca senti o azar falar tão alto na minha vida. Falei com as paredes!
Derramei o meu cântaro de mágoa pra quem quisesse ler e ouvir. Senti uma raiva justificada e resolvi me distanciar de algumas pessoas. A semana passou, e o sentimento foi se esvaindo ralo abaixo. Tiago tinha combinado com o Luiz Gustavo de ir, mas chegaram depois que eu já tinha ido embora. Ligia e Raquel se compadeceram; Patricia me presenteou. Muitos se justificaram e pediram desculpas. E os anjos resolveram agir.
Luiza me conta de um encontro que haveria dos egressos da Mocidade IEED em Copacabana, num lugar onde queria comemorar o meu aniversário. Fiquei com a impressão de que "Eles vão me aprontar alguma". Mas fui sem encanar com isso. Papo vai, papo vem, Gugu me distancia da mesa. E, ainda que tarde, Pâmela, Gugu, Luiza, Matheus, Letícia, Camila, Victor, Zé Carlos, Wanderley e Marina me prestam emocionante homenagem pelo tal trigésimo sétimo "ano novo".
É a mostra de que, se Deus não correspondeu às minhas expectativas, é porque tinha planos melhores pra mim. Foi Ele quem colocou todos esses anjos na minha vida. Obrigado a todos vocês. Nunca vou me esquecer disso!
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