Sonhou ingênuo que ela iria vê-lo de surpresa. Era tão desprezado que ela sequer atentou para seu evidente sentimento (foto: Google Imagens e Toda Teen) |
Conheceu-a recolhida em pretensa timidez. Olhava para o chão, como se pouco conhecesse. No mesmo dia, chorou qual represa rebentada. Pranto que esgotara as energias. Compadeceu e afeiçoou.
Achou-a então no Facebook. Nem parecia a mesma pessoa. Estampava um sorriso festeiro e se acompanhava de enorme caneca de chopp. Pediu pra entrar e foi atendido.
Pareceu viver com a persona no limite. Fazia Economia, mas se exasperava do curso. Só terminaria pra dar alguma satisfação. E no espírito reinava a mais pura curtição; ia à vida louca como se nada mais houvesse. Mas parecia ter bom coração, e até considerou uma ida ao cinema. A afeição virou ternura.
Tudo levava a crer que não daria certo. Mas a carência tem ilusões que a própria razão desconhece. Chamou-a para um improvável evento de música clássica. E não é que ela topou? Só que o sempre impertinente trânsito de São Paulo não permitiu. Outros convites vieram, e ela nunca dava brecha.
Levou porta na cara e até patada. Recuou e, meses depois, tentou novamente. A imaturidade tem motivos que a própria evasão entontece.
Voltaram a conversar e até a reencontrou ao vivo. Por medo de inconveniência, perdeu a chance de conversar um pouco.
Empolgado com o encontro, resolveu presenteá-la. Deixou um ovo de Páscoa na portaria de casa; que ela disse ter "amado". Bola dentro! Mas aí, inesperado desapontamento gelou a onda quente da alegria.
Convidou-a mais uma vez. De novo ficou a ver navios: ela disse que viajaria. Dias depois, já de volta, vira uma atualização sua no face: fizera check-in numa lanchonete da Vila Madalena. Depois de um tempo, tirava de letra todas as rejeições... menos essa.
Ainda assim, prepararia uma coisa ainda mais impactante no aniversário. Quebrou a cabeça nuns versos e fez embrulho embalado no sonho. Naquele buquê de negativas estavam todas as vezes que quis entregar o presente. Foi novamente à casa dela e deixou na portaria.
Foi avassalador! A menina disse ter até chorado: "Nunca vou me esquecer". Não se importava mais se ficariam juntos ou não. Deixá-la feliz foi o mais importante.
O tempo passou e ele cruzou a ponte em busca de futuro. Despediu-se falando de um amor desprendido. Ela se desculpou pelas rejeições "por medo" e desejou sucesso.
A última conversa foi a mais devastadora.
Via face, ela se dissera triste por uma desilusão. A pessoa, de quem gostava muito, "não podia dar tanto amor". A emoção tem clarões que a própria lição reconhece. Por mais que fosse importante apenas fazê-la feliz, mantinha ainda aceso ingênuo lampejo. Voltou à infância quando sonhou que ela fosse encontrá-lo de surpresa naquela alameda que dava pra praia.
Mas era tão desprezado que ela sequer atentou para o mais que escancarado sentimento que ele ainda nutria e o jogou com violência em uma humilhante "friendzone" - doeria menos se o odiasse. Óbvio que era mais que do jogo que ela não correspondesse, e sabia disso. Mas precisava fazer aquele desabafo logo pra ele? Pareceu insensível e foi uma evidente indelicadeza. Pior: ficou com a impressão de que ela fez de propósito. Disse da decepção em entrelinhas e a bloqueou no bate-papo. Nunca mais falaria com ela.
Algum tempo depois, com a razão menos provida de sentimento, reviu alguns lances com calma. Falou uma vez de um show que queria ver no Sesc. Ela disse que não curtia, porque os habituès do espaço eram "muito maloka". Em outra oportunidade, classificou como principal propósito do trabalho "ganhar dinheiro e gastar dinheiro". E uma das piores coisas: se ele fez o que fez em seu aniversário, não mereceu dela sequer uma mensagem no face no seu. Não tinha mesmo como sair coelho desse mato.
Tomava o ônibus de volta para o presente. Um novo capítulo da vida estava enfim sendo escrito. A razão tem paixões que a própria existência desconhece.
Foi avassalador! A menina disse ter até chorado: "Nunca vou me esquecer". Não se importava mais se ficariam juntos ou não. Deixá-la feliz foi o mais importante.
O tempo passou e ele cruzou a ponte em busca de futuro. Despediu-se falando de um amor desprendido. Ela se desculpou pelas rejeições "por medo" e desejou sucesso.
A última conversa foi a mais devastadora.
Via face, ela se dissera triste por uma desilusão. A pessoa, de quem gostava muito, "não podia dar tanto amor". A emoção tem clarões que a própria lição reconhece. Por mais que fosse importante apenas fazê-la feliz, mantinha ainda aceso ingênuo lampejo. Voltou à infância quando sonhou que ela fosse encontrá-lo de surpresa naquela alameda que dava pra praia.
Mas era tão desprezado que ela sequer atentou para o mais que escancarado sentimento que ele ainda nutria e o jogou com violência em uma humilhante "friendzone" - doeria menos se o odiasse. Óbvio que era mais que do jogo que ela não correspondesse, e sabia disso. Mas precisava fazer aquele desabafo logo pra ele? Pareceu insensível e foi uma evidente indelicadeza. Pior: ficou com a impressão de que ela fez de propósito. Disse da decepção em entrelinhas e a bloqueou no bate-papo. Nunca mais falaria com ela.
Algum tempo depois, com a razão menos provida de sentimento, reviu alguns lances com calma. Falou uma vez de um show que queria ver no Sesc. Ela disse que não curtia, porque os habituès do espaço eram "muito maloka". Em outra oportunidade, classificou como principal propósito do trabalho "ganhar dinheiro e gastar dinheiro". E uma das piores coisas: se ele fez o que fez em seu aniversário, não mereceu dela sequer uma mensagem no face no seu. Não tinha mesmo como sair coelho desse mato.
Tomava o ônibus de volta para o presente. Um novo capítulo da vida estava enfim sendo escrito. A razão tem paixões que a própria existência desconhece.
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