segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Pérola levanta poeira

No domingo, aproveitei o fato de estar sozinho em casa pra dar um chega pra lá na inércia. Queria ir ao ensaio da Pérola Negra, que fica perto de casa. Fiquei meio apreensivo porque, no site deles, a apresentação estava marcada para as seis. Eram sete e meia, e eu ainda não tinha saído de casa. "Já deve estar no fim", pensei.

Perdi o jeito, mesmo. Ainda nem tinha começado. E isso é meio que praxe. As apresentações nas escolas sempre acontecem algumas horas depois do anunciado.

Lá, encontrei a Fê, harmonia da escola, que trabalhou comigo no Canal de São Paulo. Perguntei a ela como a agremiação havia lidado com a chuva, que prejudicou muito o trabalho já feito no barracão. Segundo ela, a escola esperava que a bilheteria do ensaio servisse para ajudar na recuperação, mas muitos entravam sem pagar.

Eu fiz questão de não entrar de graça. A bateria de Mestre Pateta começava a dar as suas primeiras batucadas. Uma cadência muito bacana, com convenções bastante inspiradas.

O apresentador deu os informes de praxe. Avisou que as fantasias não seriam doadas e que havia três alegorias com lugares vagos para destaques. Segundo ele, a escola já estava correndo para acabar com o prejuízo causado pela chuva. Um componente havia conseguido uma doação de mil reais com a empresa onde trabalha, e Rolando Boldrim, o homenageado da escola em 2010, comprara uma ala inteira.

Se o pulsar dos guerreiros da Vila não esmaecia diante das dificuldades, a Pérola também entristeceu. No sábado, partira um dos maiores mestres de bateria da história do carnaval de São Paulo: mestre Lagrila. A homenagem da escola foi em forma de silêncio. Que, foi integralmente respeitado. O pulsar do surdo foi respeitosamente solene.

Começara o ensaio. O samba, pelo qual eu já havia me apaixonado na voz do Douglinhas (que teve de cumprir o compromisso profissional e não pôde estar presente), ficou ainda mais vivo cantado na voz dos componentes. Passistas, harmonias e componentes levantaram a poeira do chão e irradiavam vida.

Terminou com um gosto de "quero mais".

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