sexta-feira, 5 de outubro de 2007

É "Hairspray" na cabeça

IMPAGÁVEIS: Travolta e Nikki Blonski dão show em Hairspray


Nunca fui lá muito chegado a filmes musicados. Sempre achei meio sacais. Até que fui apresentado a "Hairspray - Em busca da fama", a transposição para o cinema de um musical da Broadway, de mesmo nome, dirigido por Jphn Waters. É uma divertida mistura de ritmo, diversão e crítica.

Como toda adolescente da Baltimore dos anos 60, Tracy Turnblad (Nikki Blonski) sonha em fazer parte do Corn Collins Show. Pode-se dizer que é uma mistura de "Show de Calouros" com "Malhação". Mas ela comete um pecado na Bíblia estética pré-estabelecida: tem uns quilinhos a mais. E é claro que o stablishment do mal, na pessoa de Velma Von Tussle (Michelle Pfeiffer), produtora-chefe da atração, arma-se de todo o seu arsenal de maldades para acabar com a "palhaçada". Por um motivo que o instinto materno explica: a filha, Amber Von Tussle (Brittany Snow), é a queridinha do espetáculo.

Além de arma para as vilãs da história, o preconceito é também mote crítico. O filme se passa num tempo em que a segregação se configurava em dura realidade. Como se vivessem - e viviam - em um mundo à parte, os negros eram obrigados a se apresentar em um dia específico. A parte açucarada - pero no mucho - da trama fica por conta do embate entre Tracy e Amber por dois troféus: o título de Miss Laquê (o tal Hairspray) e o amor de Link Larkin (Zac Efron, de High School Musical).

A produção acerta principalmente na simbiose entre dança e canção. Mas há que se destacar o banho que dá John Travolta na pele da insegura Edna Turnblad, mãe de Tracy. Não terá sido feliz coincidência, dado o passado de Travolta, com sábados regados a brilhantina. Mas a escolha de um homem para o papel feminino tem uma razão. Na versão teatral, de 1988, Edna era interpretada pelo travesti Divine, que morreu no mesmo ano.

Azeitado, o filme corre em velocidade suficiente para entreter durante duas horas. Nem rápido demais, para deixar a história passar, nem excessivamente lento, para não provocar bocejos. Sai-se do cinema com música na cabeça e dança insistindo em marcar o ritmo no pé.

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