segunda-feira, 18 de abril de 2011

A maior bateria do mundo


E uma história assim se fez. Sob o céu inclemente da São Luiz, uma babel de instrumentos, camisetas coloridas e uniformes de escolas, os grãos que formariam inigualável massa de ritmo já se preparava para o todo. Leandro Lehart idealizara cantar para a maior bateria do mundo, uma reunião de batuqueiros de várias escolas paulistanas, e tinha como meta arregimentar mil ritmistas.

Tava todo o mundo lá. No primeiro momento, eu já divisava algumas agremiações. À uma e meia, os apítos dos mestres botavam ordem na casa. Thadeu, da Vai-Vai, Carlão, da Tom Maior, e Tornado, da Rosas, sinalizavam as primeiras marcações.

Caixas e repiques davam os primeiros recados, chamando o surdo para a brincadeira. Finos artífices do tempero, chocalhos e tamborins também foram chegando. Quando a marcação ficou completa e veio a primeira bossa de três, um sentimento me tomou dos pés à cabeça: a emoção de ver os batuqueiros de São Paulo unidos em um evento memorável. Já deu certo. E no trajeto para a República, uma voz conhecida me trouxe de volta a amizade sambística de uma década.

- Ô, Rangel!

Era o Barba, um dos grandes amigos dos tempos de SASP, a Sociedade Amantes do Samba Paulista. Conheci esse bando de loucos por samba em 2000, o que representou para mim uma verdadeira faculdade de vida. Aprendi muito e conheci grandes pessoas. Trago esse legado da existência com muito carinho.

A última vez que o tinha visto foi na final de samba da Tom Maior, em 2007. O belíssimo samba que ele compôs com Alemão e Fábio Jelleya perdeu - mas era muito melhor do que o que venceu.

Idealizador da ideia, Leandro Lehart já os esperava. Arrumavam-se os detalhes finais. Os mestres vestiam uma camiseta e se perfilavam.

E o som recomeçava, sempre redondo. Leandro fazia o percurso contrário ao normal, em que a bateria começa depois da marcação com cavaquinho - só que a relação da batucada com o canto não foi perfeita. Os sons não se encontravam em harmonia no primeiro momento, mas iam se acertando com o tempo.

Se o sistema de som da Virada Cultural deixara a desejar, a iniciativa foi um sucesso. Pode comemorar, Leandro. "A maior bateria do mundo é de São Paulo!" Não foi o Guiness, no entanto, que tornou importante esse evento, mas para trazer à luz dos próprios paulistanos a boa figura que as escolas fazem no carnaval.

A harmonia falhou? Dane-se! O importante é o marco deixado pela iniciativa. Há de ser um divisor de águas.






Nenhum comentário: