sábado, 1 de setembro de 2007

Corinthians: noventa e sete anos de sangue e lágrimas

Salve, Corinthians. O gigante nascido na esquina da José Paulino com a Cônego Martins tinha raízes proletárias. Portanto, guerreiro por natureza. Em seu primeiro jogo, desafiou o União da Lapa, um verdadeiro monstro sagrado da várzea da época. Perdeu por 1 a 0. Mas fincou raízes que formariam um gigante, campeão dos campeões. De jogadores que honraram as tuas tradições de luta, como Idário. Mas sem perder a arte jamais, como Neco.

Eternamente em corações perseverantes. Parafraseando o mestre, esse povo é, antes de tudo, um forte. Uma gente tão corajosa que tem o martírio por vocação. Maloqueiro, posto que é sempre do povo. Sofredor, porque a bonança, que já viu um quatro de ases como Cláudio, Luizinho, Baltazar e Carbone, se sucede a grandes tempestades, como o faz-me rir. Mas, corintiano. Graças a Deus. Por isso és minha vida.

Salve, Corinthians. Porque és tão grande que nem mesmo um Saara que durou 23 anos foi capaz de te derrubar. Eis que essa casta tão maltratada se identifica contigo, e, cada vez maior, te segue qual religião. Carregada de esperança, enlouquece. E, por um instante, faz do Rio a sua casa. Do outro lado, a máquina tricolor carregava o teu reizinho. Tão injustamente destronado. Então, os tão favoritos cariocas silenciam ante a garra operária de Russo, Tobias, Zé Maria, Wladimir e Geraldão. Em homeopáticas e doloridas doses penais. No dia em que este humilde interlocutor acabara de vir ao mundo. Na semana seguinte, os bravos não resistiriam a outra máquina, desta vez colorada. Mas as bases para o fim do deserto estavam consolidadas. E Basílio, abençoado pela predestinação a que Brandão o destinara, dera fim ao sofrimento. Mas o gol resumia toda a história deste martírio alvinegro. Superzé cobra a falta. Basílio desvia de cabeça. Vaguinho chuta no travessão. Wladimir sobe para cabecear. Mas Batista, mais alto, afasta. E Basílio, o redentor, não foge ao destino. Uma de tantas glórias mil. Por isso és minha história

Teu passado é esta bandeira de eterna superação. Que encontrou, também, uma geração de mágicos que, do Brasil, conquistaram o mundo. O teu presente, infelizmente, uma lição que não deve ser aprendida jamais. Pois os que te representam não fazem jus a tamanha epopéia. Sei, contudo, que, ferido, o gigante há de renascer. Como tantas vezes já o fez. Por isso és meu amor.

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