quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

25 de março em 21 de dezembro

O Lindo mercado municipal. Pena que alguns comerciantes de lá estejam parados no tempo.
( foto: arcoweb.com.br )


Na última sexta-feira, aventurei-me com minha mãe na Rua 25 de março.


Pra quem não é de São Paulo, trata-se de um conglomerado de lojas e ambulantes que vendem de quase tudo a preços enxutos. Os cariocas têm algo parecido no Saara, que já foi até para a Sapucaí, em 94, pelas mãos da Estácio de Sá.


Mas a 25 está longe de ser um deserto. Nos tornamos uma gota de um oceano de gente. Tudo muito apertado e barulhento. Secundados por um sol de uns 35 graus. É uma dose de feiúra emoldurada por lindas construções, como o Mosteiro de São Bento e o Mercado Municipal.


Onde combinamos de comer um pastel de bacalhau.


Trata-se de uma construção arquitetada entre 1928 e 1932. Idealizado por Ramos de Azevedo - o mesmo do Teatro Municipal e do Palácio das Indústrias - o local tinha como objetivo substituir o mercado existente na 25. Azevedo apostou em ecletismo e numa iluminação natural por vitrais que retratavam a agricultura da época. Suas colunas apresentam os estilos jônico e dórico.


No começo, eram vendidas armas e munições, por causa da revolução constitucionalista. Em 25 de janeiro de 1933, foi finalmente inaugurado. Em 2004, passou por uma restauração.


Lá dentro o clima é arejado, sem a atmosfera estranha que tem pequeno "redondo" enfurnado no Largo da Batata. Se lá dentro o passado desenhado pela arquitetura antiga convive bem com os novos tempos, os vendedores parecem estar parados no tempo: nenhum dos que passamos aceita pagamento por cartão de débito.


Como cliente, senti-me até desrespeitado. Porque quem luta contra essa modernidade perde boas oportunidades de ganhar dinheiro e faz o potencial comprador passar apuros. Numa cidade ainda insegura, é extremamente perigoso ficar carregando dinheiro por aí.


No final, fiquei na vontade.


Espero que os comerciantes de lá repensem seus paradigmas.

O Natal

Cá estou eu depois de um excelente natal.

Esta é uma festa que Papai Noel e os presentes devem ter um lugar cativo. Mas o dono da festa tem de ser Jesus.

Lembro-me de que, quando era pequeno, morria de medo do tal velhinho de vermelho. Me assustava com aquela barba branca, quando soube, num acesso de choro, de que se tratava apenas de uma lenda.

Anos antes - essa quem lembra são os meus pais - ganhei uma bicicleta Monark vermelha, daquelas dobráveis. Eu teria acordado na manhã do dia 25 e dito: "Papai Noel trouxe a minha bucicleta".

Por falar em bicicleta, já presenciei uma cena das mais tristes na noite de natal. Dessa vez, um pouco mais crescido. O marido da dona Terezinha, vizinha da Irmandade, se vestiu de Papai Noel. E a magia do momento foi incrível. Até que veio uma bicicleta. Os olhos de um dos meninos brilharam. Mas não era para ele. O seu mundo veio abaixo. E, para ele, aquele natal poderia não existir.

À medida que vamos crescendo, nossas expectativas de presentes se tornam diferentes. Anseamos por sucesso profissional e pessoal. Mas antes de tudo também queremos saúde para seguir em frente.

Que todos nós tenhamos nos banhado pelas emanações de Jesus. Seja ele menino ou adulto.

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

A sabedoria dos deuses do esporte

Os deuses do esporte presentearam o Brasil com um banho de sabedoria.

A vice-campeã mundial Marta, já havida como a maior jogadora de futebol de todos os tempos (ainda é cedo, ainda é cedo) concorreu com Jade Barbosa ao Prêmio Brasil Olímpico de Melhor Atleta Feminina de 2007. Houve quem apostasse nela para a vitória.

Marta havia ganho, horas antes, o prêmio da Fifa de melhor jogadora do mundo no ano. Numa celebração pra lá de brasileira em Zurique, com Kaká, Buru e Pelé, que seria homenageado com a medalha que não fora receber do mundial de 63, já que estava machucado. Isso porque eu nem falei do terceiro lugar de Cristiane. As ovelhas estrangeiras da festa foram a campeã mundial Brigitte Prinz, que ficou em segundo, o argentino Messi, cuja decisão de comparecer se deu na última hora, e o português Cristiano Ronaldo - ah, mas português é um quase brasileiro, né? Então não conta. rs

Enquanto isso, Jade levou o Prêmio Brasil Olímpico, coroando o sexto título da ginástica artística entre as mulheres. E, é claro, chorou. Naquela maravilhosa autenticidade terna que lhe é tão cara.

E aí reside a sabedoria dos deuses. Por tudo o que fez no Pan e em Stuttgart, seria de uma crueldade atroz a pequena jóia fechar o ano sem levar um prêmio sequer.

Por aqui, só restou a Marta o troféu de melhor atleta do futebol. Mas lá ela obteve a sua maior vitória, o que evidencia a supremacia de popularidade do futebol perante os outros esportes.

Apesar da evolução causada pela chegada do ucraniano Oleg Ostapenko, brilhar na ginástica é mais difícil do que no esporte bretão.

Como nem tudo é perfeito, entre os homens havia três monstros. Thiago Pereira, o destruidor de recordes, Tiago Camilo, o monstro dos sete ippons, e Diego Hypolito, solista maior de uma orquestra ainda em ascensão.

E a vitória coube a Pereira. Restou a Camilo e Diego os troféus por modalidade.

A Fabiana Murer, valeu a indicação. Não levou prêmio nenhum, porque Jadel Gregório ficou com o prêmio no atletismo. Ela tem bala pra chegar muito longe. Mas este ainda não foi o seu ano. Torcemos para que ela termine 2008 com mais condições de vencer.
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TROCADILHO: O último bloco do Bem Amigos, do Sportv, promoveu um jogo de palavras. estavam lado a lado o gigante do salto triplo e a "princesinha" da ginástica. Jadel, um gigante degro de mais de dois metros, e Jade, de 1m52 de altura. Pra você ver que diferença faz um "L".

Algumas frases do programa:

"Nesse período, eu tive dois filhos. E, tendo de acordar no meio da noite, o rendimento não caiu. Então, agora eu optei por não ter filhos." (Jadel)

"Eu assitia à televisão de cabeça pra baixo. A minha parede está cheia de pés". (Jade)

"Dez dias de adaptação ao fuso já são suficientes. Mas, antes, eu vou pra Europa." (Fabiana Murer, sobre o planejamento para a viagem a Pequim).

"Com dor eu não funciono. Já tô com um probleminha no joelho que demora a passar. Tô tendo de tomar infiltração." (Maurren Maggi, melhor atleta de 99).

"Vou ao Japão para competir e também para treinar." (Tiago Camilo).

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Torcidas

Nas semanas posteriores ao fim do Campeonato Brasileiro, a Globo veiculou em seu site uma enquete sobre as melhores manifestações de torcida. Cada forma de torcer desnuda um traço de personalidade do torcedor de um time.
É interessante observar o quanto flamenguistas e corintianos são parecidos. São os donos das manifestações mais emocionantes. Os rubro-negros fizeram uma letra para a volta da vitória:
"Eu sempre te amarei
Onde estiver, estarei
Ó, meu Mengo
Tu és time de tradição
Raça, amor e paixão
Ó, meu Mengo"
É uma festa incrivelmente linda, que tem como realce a acústica do Maracanã e as bandeiras com mastros.
Já a Fiel, mesmo sofrendo a humilhação máxima - o rebaixamento - não desistiu do pior Corinthians de todos os tempos. Como mostra o canto inspirado nas torcidas argentinas:
"Aqui tem um bando de louco
Louco por ti, Corinthians
Àqueles que acham que é pouco
Eu vivo por ti, Corinthians
Eu canto até ficar rouco
Eu canto pra te empurrar
Vamovamo, meu Timão
Vamo, meu Timão
Não pára de lutar"
Cantos de palavras fortes que, entoados em casa cheia, calam fundo na alma. Mostra de torcedores que amam os seus clubes e sua história. Flamenguistas, mais artistas. Corintianos, mais guerreiros.
Diferente disso, torcedores do atual campeão brasileiro incorporaram o pragmatismo europeu do clube que torcem:
"Vailavailavailá!!!
Vai lá de coração!
Vamo, São Paulo! Vamo, São Paulo.
VAMO SER CAMPEÃO"(sic)
Óbvio que há são-paulinos apaixonados. Eu, mesmo, conheço muitos. Mas eles são incomparavelmente menos emocionantes do que os torcedores dos dois times mais populares do país.
Outra faceta guerreira vem da torcida do Grêmio, que incorporou a avalanche dos argentinos. Os tricolores gaúchos deram um show na Libertadores, mas não repetiram a dose no Brasileiro. Na última rodada, contra o Corinthians, eles só se levantavam quando o Grêmio atacava. Ou quando o Goiás fazia gols, o que resultaria na queda corintiana.
Eis aí outra diferença dos populares para os outros: tiram sarro dos adversários e torcem contra eles, mas o amor por seus times é muito mais forte.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Desconsolo

Nunca imaginei que fosse assim
Enclausurado numa prisão
Condenado a eterna mediocridade

Parece que as portas se abrem em esperança
Que nada! Pura miragem.

Um dia, sonhei com obra-prima
E a realidade é arte fosca, batida, opaca
E nela estaria a chave de tudo

Pra que viver assim?
Por vezes preferi não entrar no claustro.

E tantas vezes, ânsia por dele sair.

Um dia, caio de tristeza e ainda sou expulso da luz
Noutro, o dos anos, surge uma fresta de esperança

Que logo se apaga!

Cá estou eu, no claustro, de novo.
Ora tentando sobreviver
Ora querendo morrer

Obrigado por tudo, vida

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Ano 31 da era "Felipiana"


Hoje, meu mundo dá 31 voltas em torno do Sol.


É dia de pensar no que passou com nostalgia, mas sem vontade de voltar.


Capitalizar o hoje, e preparar os passos para o amanhã.


É tomar ciência do bem precioso que a vida é.


E usá-la da melhor forma possível.


Muito obrigado a todos que passaram e passam por esta porta que deixo aberta. E fizeram com que eu me sentisse mais elevado.


Aos que fizeram e fazem mal... Deus vos acompanhem, também.


Que eu seja cada vez mais sábio e inteligente para tomar o rumo certo.


Abraços a todos os amigos.

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Uma vez Flamengo...




Apesar de toda a decepção pela queda do Corinthians à Série B, veio um alento de onde eu menos esperava.

No site do Flamengo, dirigentes e torcedores deram mensagens de apoio

Tá aqui a mensagem

“Chagas abertas, Sagrado Coração todo amor e bondade, o sangue do meu Senhor Jesus Cristo, no corpo meu se derrame hoje e sempre. Eu andarei vestido e armado, com as armas de São Jorge. Para que meus inimigos tendo pés não me alcancem, tendo mãos não me peguem, tendo olhos não me exerguem e nem pensamentos eles possam ter para me fazerem mal.”

No esporte um dia vencemos e no outro perdemos.
O Corínthians será sempre um grande clube, não importando se o momento é favorável ou não.
O Clube de Regatas do Flamengo gostaria de, neste momento de tristeza, expressar sua admiração e solidariedade a sua diretoria e sua imensa torcida. É na hora da dificuldade que conhecemos os amigos.

Confesso que me emocionei. E o respeito que eu sempre tive por este maravilhoso clube se transformou em admiração ainda maior.

Torcedores corintianos entraram no site do rubro-negro em agradecimento. E a razão de tudo isso é bem simples. A paixão que ambas as torcidas nutrem pelos seus times. E os espetáculos inigualáveis que elas fazem em suas respectivas arquibancadas.

Há entre os dois clubes uma identificação muito forte. Nos últimos tempos, a amizade sofreu certo abalo. Uma boba rivalidade para saber quem é o mais querido do Brasil.

Nem o corintiano mais fanático nega que a nação rubro-negra é mais numerosa.

Mas é a paixão às vezes exacerbada o que une essas duas massas. E é esse sentimento que faz do flamenguista quem melhor no Brasil entender o sofrimento alvi-negro.

Obrigado, Flamengo!

E parabéns pelo prêmio de melhor torcida. É, mais do que nunca, merecido.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Tristeza. Mas vamos em frente

Estou triste...

Mas não há queda que me faça desistir

Obrigado, Fiel.

Não merecemos o time que tivemos esse ano.

domingo, 2 de dezembro de 2007

Que pena, Marcelinho!

Com algum atraso, venho a este espaço para falar de algo que me decepcionou.


Ídolo de boa parte da torcida corintiana, Marcelinho desconsiderou o Mundial conquistado pelo clube em 2000. Os seus títulos favoritos são o Paulista de 95, que quebrou um tabu de 7 anos (quem experimentou 23 nem se importa) e a Copa do Brasil do mesmo ano, porque tornou o Corinthians o primeiro clube paulista a levantar esta taça.

O ex-meia-atacante, com razão, diz que o caminho percorrido pelo clube ao chegar ao título mundial foi diferente dos outros campeões, que vieram depois.
Para aquela competição, foram convidados os campeões da Oceania (South Melbourne - Austrália), Ásia (Al Nassr - Arábia Saudita), África (Raja Casablanca - Marrocos), Europa (Manchester United - Inglaterra), Concacaf (Necaxa - México) e Libertadores (Vasco - Brasil). O Real Madrid participou do torneio por ter sido o campeão intercontinental de 98. O Corinthians entrou no torneio como representante do país-sede. A escolha se deu pela conquista do título de 98.

A campanha da primeira fase foi acidentada. Vencemos o Raja Casablanca por 2 a 0 beneficiados por um erro de arbitragem - a bola do gol de Fábio Luciano não entrou.

Veio, então, o melhor jogo da competição, contra o Real Madrid. Dois a dois, com direito a golaço de Edílson - deu drible da vaca em Karembeu e chutou rasteiro - e pênalti defendido por Dida.

Mas, como estava empatado em pontos com o clube espanhol, o Timão precisava vencer por dois gols de diferença para se classificar no saldo de gols. Se nesse critério houvesse empate, o Real passaria por número de gols marcados (então 8 a 4).

Esta vitória veio com gosto mais do que corintiano. O gol fatal saiu já nos últimos minutos de jogo, pelos pés de Rincón.

Veio, então, a final.

Mais de 20 mil corintianos foram ao Maracanã assistir a um jogo memorável entre dois grandes times. O Vasco de Edmundo, Juninho Pernambucano e Romário contra aquele que iria se acostumar a ser chamado de Todo Poderoso. Às vésperas da partida, Eurico fanfarrão Miranda resolveu provocar, chamando o Corinthians de "freguês".

Foi um jogo de xadrez. Quem respirasse fora do ritmo poderia se dar mal.

Só os pênaltis decidiriam.

E, com Dida, tudo fica mais fácil.

Ele defendeu o chute de Gilberto

Mas Marcelinho - o mesmo que desconsidera o Mundial - fez Hélton viver lampejos de herói.

Então, Edmundo corre, bate... pra fora.

Dida caminhava tranquilamente para o centro. E eu só me dei conta de que o mundo era nosso quando João Guilherme, ótimo narrador do Sportv, anunciava o título.

Travados de despeito, muitos adversários - na maioria são-paulinos - chamam-no "torneio de verão". É uma constestação burra, porque o troféu foi entregue por Joseph Blatter, presidente da Fifa.

- Dizem que, pra conquistar o Mundo, é preciso atravessá-lo (olhe a história das Copas. A única seleção que atravessou o mundo para conquistá-lo foi o Brasil. Os outros títulos não valem, então?)

- O Corinthians foi "convidado" (pode até ter sido, mas a Dinamarca foi convidada a disputar a Euro de 92 e ganhou. É menos campeã do que as outras por isso?)

- Não foi campeão da Libertadores antes disso (é verdade. Mas o regulamento não pedia).

Ao desmerecer o Mundial, Marcelinho se iguala aos adversários. E, com isso, desrespeita a história de um time que defendeu por 8 anos.

sábado, 1 de dezembro de 2007

Jusiça Final

A Warner resolveu aguçar o meu sentido de nostalgia. Acabo de rever um dos seriados mais legais que a Globo passava no início da década passada: Justiça Final. Ou, no original, Dark Justice.

O juiz Nicholas Marshall (Ramy Zada em 91 e Bruce Abbott em 92 e 93) acreditou no sistema até sua mulher e filha serem assassinadas na explosão de um carro. "Deixei de acreditar no sistema e passei a acreditar... ja justiça". Desde então, comanda uma equipe que caça os figurões que escapam das garras do tribunal. Jericho Gibson, o Gibbs (Clayton Prince), é o "engraçadinho" do time. Mulherengo e fanfarrão, está sempre metido em alguma encrenca. Dick O'Neill é Arnold "Moon" Milles, que fica com o papel de "mestre" um tanto rabugento.

Durante a temporada, a cadeira feminina da série foi ocupada por três atrizes. Begoña Plaza fez Catalina Duran. Viviane Vives foi a catalã Maria Martí. E Kate Cochrane foi interpretada por Janet Gunn.

A segunda temporada da série aconteceu em Barcelona. Depois da morte de Cat, ao final da primeira temporada, apareceu Maria. E Zada deu lugar a Abbott.

Marshall é uma versão menos sofisticada de Batman, que faz da perda da família uma bandeira na caça de bandidos. Bruce Wayne, no começo, era bem mais sombrio. Batman era sombrio e dotado de uma dose cavalar de violência, suavizada principalmente por Holywood. Moon seria um Alfred mais engajado. Gibbs é uma mistura de Robin mais crescido com Coringa mais bonzinho. Cat, Maria e Kate não chegam a ter romance com Nick. Mas há entre elas e ele uma tensão no ar, que nunca chega a explodir. Fazem, assim, contraponto com a mulher com quem Wayne jamais se casará.

Todos à caça de seus Pigüins e Charadas. Beneficiados pela deficiência visual da justiça, ao serem absolvidos deixam o tribunal com um aviso:

"A justiça pode ser cega, mas enxerga no escuro".