domingo, 25 de novembro de 2007

A grande menina-mulher


Dakota (a menina) é brilhante. Mas a dona da festa, definitivamente, é Brittany (a mulher)


Acabei de assistir a "Grande Menina, Pequena Mulher". Uma comédia que teria tudo para ser uma daquelas velhas canções água com açúcar que transmite mensagens.

E até não deixa de ser um pouco. Mas a produção arrebata pela surpresa. A sinopse de quem a princípio não o assiste mostra uma coisa. E o filme propõe outra.

Brittany Murphy é a desastrada e desvairada Molly. Ela até que se vira bem enquanto dura a grana deixada pelo pai roqueiro, já morto. Mas o contador a rouba. E aí, ela tem de arrumar um emprego. Nada dá certo, até que um amigo lhe arruma para ser babá de Lorraine, que prefere ser chamada de Ray (Dakota Fanning).

O título do filme em português é maroto. Caricturiza Molly como uma retardada que precisa crescer. Na verdade, Ray é uma chata de galocha. Com toda a irreverência, a grande menina mexe nas bonecas intocáveis da pequena mulher e troca o Mozart até então modorrento e a fazia girar ao som de um pop. Mas é quando as duas vão a um parque de diversões - fechado, porque a temporada começaria uma semana depois - que toda a fragilidade de Ray começa a sair da casca.

Sabe, eu sempre fico um pouco com o pé atrás com comédias. Algumas passam do ponto do pastelão e, assim, ficam sem graça. Esta tem as tais cenas engraçadas na medida certa. À lavanderia, Molly exagera no sabão e acaba escorregando. No quarto de Ray, ela se empolga com um brioche e vai com tudo... mas o pão é de plástico.

Mas o forte da história é a troca de fluidos entre as duas, possibilitado justamente pela pitada de drama que existe na vida de cada uma delas. Uma apreende um pedaço da personalidade da outra, sem perder a essência. Molly absorve um pouco do pragmatismo de Ray. Esta começa a aliviar um pouco o peso da existência e começa a levá-la como se fosse o que sempre foi: uma criança.

É impressionante como a pequena Dakota trabalha bem. Uma atuação que é bem-sucedida ao transmitir a repulsa inicial por Ray. Mas a dona da festa é a gracinha da Brittany, que aproveita muito bem todas as nuances de Molly. Engraçada sem escracho. Expressiva sem melodrama. Na verdade, é ela a grande mulher-menina.

Um comentário:

Carlos Eduardo Novaes disse...

Cara....
eu curto a Brittany tmb !
Boa atriz, nunca teve seu devido reconhecimento!