sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Caminheiro da cultura

O trânsito já ia alto lá fora quando o Cotia começava a deixar o Largo de Pinheiros. Na saída da Sumidouro para a Eugênio de Medeiros, uma voz lá do fundo começa a ganhar força. Algum engraçadinho falando alto ao celular. Ou um daqueles pedintes insuportáveis.

Era um ator. Fazendo do ônibus o seu palco. Não me senti tão invadido. De óculos improvisados e nariz vermelho, PM, o Palhaço Maluco ("Não confunda, minha senhora!") despejava doses de alegria. Que nem todos os passageiros entendiam, ou se interessavam em beber.

Enquanto o ônibus ganhava a Raposo Tavares, PM entretia a platéia com metalinguagem. Referia-se à turma do fundão como "O Camarote 23". Quem estava na frente era o Vip ("A pipoca já chegou aqui.") Antes de começar, fez alguns testes de voz. Alugou o cobrador, dando-lhe um nome engraçado - ele se chamava Marcio - e espalhando aos ventos que era o seu aniversário. A cada passageiro que entrava, dava o seu boa-noite... e nem sempre agradava. O suor do dia fazia os passantes amargos.

Foi embora deixando um pouco de alento a quem se abriu à experiência. Cheguei ao meu destino um pouco mais leve

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