Natal. Tempo de exacerbar o sentimento! |
Vejo que as regras batem com a convivência porque nos adequamos à conveniência. Pra conquistar, é preciso seguir um manual ou exercitar determinado comportamento de que o outro gosta.
Abrir o jogo demais é burrice. Deixar-se levar não se recomenda.
Invejo a imaculada espontaneidade das crianças. Certa vez, minha sobrinha me viu chegar, correu em minha direção, abraçou minha perna direita e disse: "Pipi, te amo".
Infeliz da tola apaixonada que, louca de vontade de dizer o mesmo, incorre em erro. Arrisca padecer condenação pelo olhar racional do outro, que pode chegar ao cúmulo da deselegância: "Não diga isso! É muito profundo!"
O sentimento é então acorrentado pela razão. Como pode ela se enamorar dele se pouco o vê? E se, num gesto de inocência, ela vai com excessiva sede ao pote, ele se assusta. Então, agressivo, dá na pobre um chega-pra-lá de esmigalhar sonhos.
Não é o caso de dar murro em ponta de faca. Mesmo que o coração obscureça as razões, há que se ter alguma sensatez. Mas, por medo de banalizar o amor, levamos a racionalização às últimas consequências. Despejamos sentido demais no que pouco se explica.
Se em Roma devemos agir como os romanos, vence no jogo das emoções quem corre algum risco. Repletas de atmosfera, as horas anteriores ao Natal convidam a tais vivências.
Aquele tímido não se aventurava a grandes voos. Poderia ligar e ter a resposta imediata, mas sempre travava na hora fatal. Preferia o conforto da mensagem escrita, mesmo que a volta demorasse ou nem viesse. Ela veio! Generosa! Sufocado de tanto sentimento, ousou subverter a lógica e não titubeou em se doar.
Sentiu-se bem com isso. Ainda que o fim da história não seja o que ele espera.