sábado, 5 de janeiro de 2008

A cidade do Sol

Acabei de ler "A Cidade do Sol".


O segundo romance de Khaled Hosseini, afegão radicado nos Estados Unidos, repete um traço de "O Caçador de Pipas": o enredo calcado em dois protagonistas. Dessa vez, duas mulheres sufocadas pelo desprezo da vida e pela tumultuada vida política do Afeganistão. As histórias de Mariam e Laila são contadas em separado... até que se juntam.

Filha bastarda do rico comerciante Jalil, Mariam se vê privada da convivência com a mãe, Nana, ainda aos 15 anos. Para se livrar do problema, as três esposas do homem resolvem casá-la com o sapateiro Rashid, trinta anos mais velho. Depois de tantas tentativas frustradas de substituir o filho, que morreu afogado anos atrás, a harami (bastarda) se vê aprisionada num mundo de violência e indiferença.

Laila é uma das vítimas da história cheia de reviravoltas do país. Caçula de uma família aparentemente estruturada, é adorada pelo pai, um ex-professor universitário, mas sofre da mãe velada rejeição, que piora após a morte dos filhos na guerra contra os comunistas. O grande amor da sua vida, Tariq, é a muleta que dá sentido a sua vida. O conflito chega ao fim, mas traz com ele coisa pior: os governantes afegãos, unidos para expulsar a União Soviética, agora resolvem lutar entre si pelo poder. O novo combate faz Tariq se mudar para o Paquistão... e mata os pais de Laila.

É esse o fio que entrelaça a sua vida com Mariam. Desamparada, vê se forçada a casar-se com Rashid. E apesar de realizar o sonho do homem de ter um filho, também não terá uma convivência harmoniosa com esse homem difícil. A princípio inimigas, as duas começam a desenvolver uma simbiose no intuito de sobreviver. Laila dá a Mariam uma felicidade que ela nunca havia experimentado. Esta retribui com a maternidade que ela nunca havia encontrado na mãe.

Ao se deparar com as suas histórias, o leitor se vê participando das tristezas e sofrimentos das protagonistas. Ao final, elas encontram, por vias distintas, a redenção.

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