terça-feira, 17 de julho de 2007

As lágrimas do Pan

Durante toda a propaganda em torno dos Jogos Panamericanos, me perguntei o porquê de tanta cerimônia. A princípio, trata-se de uma competição com importância reduzida no cenário mundial, já que nem todos os astros da primeira grandeza do esporte participam.

Mas é preciso olhar o evento sob outro prisma: histórias marcadas pela emoção.

Em Indianapolis, o basquete de Oscar e Marcel teve a pachorra de impor aos Estados Unidos a sua primeira derrota em casa. O mestre dos 3 pontos caiu em lágrimas enrolado na cesta. Do outro lado, havia feras como David Robinson e Charles Barkley, que por anos ficaram com a mágoa entalada na garganta.

Perdemos para eles em quase todos os demais jogos. Mas aquela é uma história que encontra pequeno paralelo no nosso Maracanazzo de 50

Guardadas, é claro, as devidas proporções.

Em Winnipeg, Maurren Maggi fez o que dela se esperava: ouro no salto em distância. Disputou os 100 metros com barreira sem nenhuma pretensão de medalha, posto que havia postulantes mais fortes. Neste momento, ligo a TV na ESPN Brasil, que tinha como convidados os pais da atleta.

Começa a prova. Milton Leite faz a narração. "Vai, Maurren!", gritava a mãe. E lá ia ela vencendo as barreiras como se vencesse a vida. "Vai, Maurren!" torcia o pai. A energia parecia vencer a distância e alcançar a Universidade de Manitoba. E Maurren cruza a linha de chegada num surpreendente segundo lugar.

O estúdio se encheu de emoção. Lá do Canadá, a moça também vai às lágrimas. A ESPN a coloca em contato com os pais. Os três choram juntos.

Ali, a Maurren me ganhou. Sou fã dela.

Infelizmente, nem todas as belas epopéias têm final feliz. No Rio, Jade Barbosa estava com a medalha nas mãos. Nas barras assimétricas, a pressão exauriu as forças da menina. Ela caiu. E, chorando, concluiu a prova. Ficou sem medalha.

E a ESPN Brasil - sempre ela - ao final do seu Jornal do Pan, traduziu com maestria este triste momento. O maravilhoso texto dizia mais ou menos isso:

"Não machucou as mãos ou os pés. Mas como dói o coração desta pequena.

Doeu na gente também."

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