terça-feira, 10 de julho de 2007

Cabauêba revive "As Meninas"

No último sábado, vivi uma experiência interessante.

A obra "As Meninas", de Lygia Fagundes Telles, virou teatro nas mãos do grupo cearense Cabauêba. O cenário é um triângulo ora concreto - um pensionato de freiras comandado por Madre Alix - ora metafórico, onde três universitárias interagem e declinam suas tristezas. O aspecto pra mim inédito foi dividir o palco com as atrizes.

Lorena é tida como burguesinha alienada. Mas é uma espécie de mãezona, cuidando das amigas, mas angustiada pelo mau passo amoroso dado pela mãe.

Lia é a guerrilheira que planeja um sequestro para libertar o seu amado.

Ana Clara é a modelo drogada. A mais tensa das três, vive ameaçada pelos monstros do seu passado. Mas vai se casar com um homem rico. Porque felicidade, na sua vida, foi artigo de luxo raríssimo.

Um triângulo que retrata a imagem da mulher dos anos 70, mas serve como paralelo do mundo atual. Mesmo artífices de um novo tempo, em que tomam as rédeas dos acontecimentos, elas ainda anseiam por amor e dignidade.

Uma construção simples, mas caprichada. Sobressai Marisa Paiva, na densa e difícil Ana Clara.

Já faz cinco anos que o Cabauêba faz a releitura teatral de obras da literatura nacional. Já realizou também Mistério, Linha Férrea e Vento Verde, também de Lygia Fagundes Telles. Nelson Rodrigues, Chico Buarque e a cearense Natércia Campos também viraram teatro em suas mãos.

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