Já se vão nove anos que esta irreverente, que pintava nas unhas a bandeira do Brasil, se pintava de dourado. Nome esquisito. O pai gostava de uma canção dos Beatles chamada "Maureen". Mas, na hora do registro, o escrivão cometeu um erro: ficou Maurren Higa Maggi.
Favorita no salto em distância, cumpriu à risca o script. E ainda assim não deixou de surpreender. Conquistou uma inesperada e emocionante prata nos 100 com barreira. Sagrou-se a esportista daquele ano.
Mas depois disso, os ventos começaram a soprar contra. No mês seguinte ao Pan, foi à final do mundial de Sevilha. Mas não passou de um oitavo lugar. A espanhola Niurka Montalvo, Fiona May, da Itália, e a norte-americana Marion Jones ficaram com as medalhas.
No ano seguinte, acabou sendo varrida pela bruxa que assolou os atletas brasileiros, que não conseguiram nenhum ouro. Que bruxaria cruel! Uma grave lesão a impediu de competir com plenitude.
O pior ainda estaria por vir: durante a disputa do troféu Brasil em 2003, foi encontrada a substância proibida Clostebol Metabolite, existente em um creme cicatrizante que passara após uma depilação. O mundo caiu. Dois anos de suspensão e a ausência em Santo Domingo.
Madura e, ao mesmo tempo, magoada, ela voltou. Um novo amuleto juntou-se ao inseparável Leão: a filha Sofia. E no Pan do Rio, venceu de novo: 6,84. Como se felicidade não bastasse, Keila Costa ficou com a prata.
Uma aplaudida volta olímpica é um merecido troféu para essa grande atleta. E o microcosmo de sua volta por cima.
Obrigado, Maurren, por não se entregar.
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